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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Veja o histórico de José Alberto Barbosa

Curriculum vitae                                                         

José Alberto Barbosa nasceu em 19 de fevereiro de 1939, na cidade hidro-mineral de Cambuquira, MG, sendo filho de Luiz de Andrade Barbosa e de Maria Lopes Barbosa, cursando o primário e o Admissão ao ginasial no Externato Tiradentes [1947-1952], naquela cidade. Em 1953 ingressou no internato no Ginásio Diocesano São João, na Campanha, MG, passando-se no mesmo ano, já em regime de externato, no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, PR, onde cursou até finalizar o 2º grau. Ainda em Curitiba, estudou no Cursinho Abreu, preparatório para o Vestibular. Naquela cidade trabalhou no comércio de medicamentos, na Cia. Paulista de Representações [1955-1959]; também, no Banco Nacional de Minas Gerais S.A. [1959-1965]. Cursou e bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Curitiba [1962-1966]. Antes de formado, advogou na Capital paranaense como solicitador acadêmico, na esfera trabalhista, com o advogado Maurício A. Seleme [1965-1966]. Casado em Jaraguá do Sul, SC, em 05 de janeiro de 1963 com a professora Maria Eunice Dellagiustina, teve com esta os filhos Alexandre, Fabricio e Caroline, que são advogados e domiciliados na mesma cidade e sede Comarcal. Iniciou-se nas letras ainda jovem, publicando alguns dos seus primeiros poemas na Revista Walmap, do Banco Nacional de Minas Gerais S.A.; e na revista Panorama, com o artigo geistórico por si ilustrado a bico de pena e intitulado  “Um Paraná que você não conheceu” [Curitiba, nº 167, abr. 1965] e que Iaroslaw Wons inseriu, com parte do texto e um dos desenhos, na sua Geografia do Paraná. Uma vez formado, foi  advogado em Rio do Sul e, nesse tempo, adjunto de promotor público em Trombudo Central [1967-1968]; promotor de justiça em Maravilha [1969-1971], São Lourenço d`Oeste [1971, mas designado em Porto União], sendo nomeado para Xanxerê [1971, idem designado em Porto União], Porto União [1971-1973] e em Jaraguá do Sul [1973-1986], aposentando-se como promotor de Curitibanos [1986] e tornando então à advocacia, porém, dedicando-se a trabalhos voluntários intensamente. É co-fundador e organizador do Museu Municipal “Pe. Fernando”, de Maravilha. Co-fundador da APAE de Porto União. É sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina [Florianópolis]; membro da Estância da Poesia Crioula [Porto Alegre]; da Associação Catarinense do Ministério Público [Florianópolis]; do Grupo Regional de Estudos “Ary Silveira de Souza” [Joinville] e de outras entidades. Em solenidade havida na sede do C.T.G. Juca Ruivo, de Maravilha, SC, na noite de 23 de outubro de 2013 foi admitido e empossado como membro da Academia Sul-Brasileira de Letras. É autor da ata do Cepo Fundamental da primeira sede do C.T.G. “Juca Ruivo” [Maravilha, SC]. É pesquisador autodidata em várias áreas culturais, realizando e publicando estudos teológicos, filosóficos, antropológicos, etimológicos, toponímicos, histórico-geográficos e em diversos outros temas, sendo por isso homenageado pelas municipalidades de Jaraguá do Sul [26.07.90], Guaramirim e Corupá [1980] por trabalhos históricos e toponímicos sobre os respectivos municípios, recebendo da Câmara de Vereadores de Corupá o título de Cidadão Honorário [Sessão Solene, 05.05.1998]. Desde 1993 está incluso no Indicador Catarinense de Escritores. Lecionou Teoria Geral do Estado, Constituições Brasileiras, Direito Público e Privado, História, Geografia, Sociologia, Educação Religiosa, Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil, recebendo várias homenagens dos discentes. Na SCAR – Sociedade Cultura Artística, de Jaraguá do Sul, foi secretário, presidente em duas gestões e permanece como conselheiro. Sócio-Honorário do CCE “Cruz e Souza”, da Escola “Prof. Heleodoro Borges”, em Jaraguá do Sul. Na FERJ  - Fundação Educacional Regional Jaraguaense [Atual UNERJ], foi professor; conselheiro; Vice-Diretor e depois Vice-Presidente da Fundação; Vice-Diretor do Curso de Estudos Sociais; Diretor do Curso de Administração; Vice-Diretor do Centro de Ensino Superior. Prestigiado pela Embaixada da Turquia [Brasília] e premiado pelo Rotary Club de Istanbul – Göksu [nov. 2003] pelo estudo “A Herança de Kemal Atatürk” [Rotary Club de Jaraguá do Sul, 1981]. Dentre seus trabalhos locais destacam-se “Itapocu, Rio Caminho dos Antepassados”, livro analítico sobre a lenda de Tumé (Sumé) e o caminho Peabiru [Abr. 2005], que a Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul distribuiu no II Congresso Nacional e I Congresso Internacional do Caminho do Peabiru [Pitanga, PR, 2005]. Também, o artigo “Itapocu, Rio da Via Lactea” [2007], no mesmo tema; e o livro em preparo mas já distribuído em CD-room “Ytapecu, Rio Caminho Antigo”, em mesma temática. Antes, publicou “Empregos e significados da expressão jaraguá” e “Referências e hipóteses sobre o nome Itapocu” [Insertos in “Emílio Carlos Jourdan no seu centenário de nascimento”, de Eugênio Victor Schmöckel, I.H.G.S.C., CP, 2000, eliminadas ali as incorreções de digitação que constam no livro “O Relato”, de Schmöckel, Editora CP, 1999]; publicou longos estudos a respeito dos nomes Corupá, Guaramirim, Guamiranga e outros topônimos itapocuenses [Correio do Povo, Jornal do Vale e Rev. do I.H.G.S.C.].  Embora leigo, sendo designado pelo Pe. João Boeing, SCJ para lecionar Teologia Moral em diversas comunidades de Jaraguá do Sul, SC, o autor o fez nos dois anos do programa estabelecido (1999-2000), escrevendo, para tal, a pedido do sacerdote, um manual intitulado Teologia Moral. Posteriormente, escreveu uma Mariologia. Em Maravilha [SC] foi intronizado na cultura gauchesca [1970 – 1972] pelo afamado vate Juca Ruivo [Dr. José Leal Filho], sendo o provável derradeiro discípulo pessoal do famoso poeta, falecido em 1972 e com o qual aprendeu suas primeiras noções do linguajar campeiro da Campanha Gaúcha, sendo pelo mesmo intronizado na literatura gauchesca, em prosa e em verso e na própria poética do Ruivo. Também, com Ruivo ganhou aprofundamentos em temas da História brasileira, sul-rio-grandense e platina, que lhe foram vivamente narrados pelo afamado poeta e rebelde maragato, engenheiro e colonizador, que o iniciou, igualmente, no conhecimento do Planalto Catarinense, desde sua geologia até sua geografia, história e povoamento e, desde então, o autor vem estudando e biografando, em prosa e em verso, aquele que é um dos maiores nomes da literatura sul-rio-grandense e dos pioneiros na valorização culta dos versos crioulos gauchescos no Brasil, sendo José Alberto Barbosa chamado a prefaciar a reedição do famoso livro “Tradição” do festejado literato [1985], cooperando com José Isaac Pilati na elaboração do livro “Juca Ruivo – Tradição” [I.O.E.S.C., Florianópolis, 2002] e sendo co-autor, com José Isaac Pilati e João Batista Marçal, do livro “Juca Ruivo – Tradição” que, como o livro antes citado e de mesmo título, biografa aquele vate e rebelde, engenheiro e colonizador; e reedita a sua obra [Fundação Arthur José Boiteux, Florianópolis, 2004]. O autor fez parte da “Antologia do Vale do Iguaçu” [União da Vitória, 1976] e de antologias da Estância da Poesia Crioula, tendo, no mais, ampla presença jornalística. Adotou na poesia crioula o pseudônimo de Juca Serrano e outros pseudônimos eventuais [Joselito de Santana; Eliano Mirceo; Tio Mariano], publicando ou divulgando diretamente seus versos históricos e folclóricos principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, tendo a seu crédito mais de cem poemas crioulos. Nos anos recentes, passando a participar de concursos literários, foi premiado em 5º lugar pelo poema histórico “Eterno Retorno”, no VIII Concurso de Poesia Taveira Júnior, promovido pela Estância da Poesia Crioula, quando do 48º Rodeio de Poetas Crioulos do Rio Grande do Sul [Porto Alegre, 2004]. Sob o pseudônimo de Joselito de Santana escreveu de novembro de 2006 a março de 2007 o poema épico “No Sopro da Tradição”, referindo ali várias dezenas de autores brasileiros e estrangeiros em temas gauchescos, em razão do que foi homenageado hors-concours com Diploma Especial com Louvor pela Estância da Poesia Crioula, em sessão conjunta com a Academia Rio-Grandense de Letras, por ocasião do 51º Rodeio dos Poetas Crioulos do Rio Grande do Sul e dos 50 Anos daquela Estância, em solenidade havida no Museu “Júlio de Castilhos” [Porto Alegre, 30.06.2007]. A obra será ampliada. Em 27 de junho de 2009, seu “Poema em Negro” classificado em 2º lugar no Concurso “Oliveira Silveira”, por ocasião do 53º Rodeio de Poetas Crioulos do Rio Grande do Sul, promovido pela Estância da Poesia Crioula e o autor recebeu o Troféu “Lanceiro Negro” [Esculturado em granito negro e metal e sendo de autoria de Hidalgo Adams], solenidade naquele dia, em auditório da Câmara Municipal de Porto Alegre.  Em agosto de 2009, o autor teve seu poema “Missão Jesuíta” premiado com Menção Honrosa no 12º Concurso Literário “Pérola da Lagoa”, promovido pelo CEL – Centro de Estudos Lourencianos, em São Lourenço do Sul, RS. É autor do livro “Emílio da Silva e seu século” [Design Editora, Jaraguá do Sul, 2010]. O autor tem centenas de escritos, constituindo teses jurídicas, estudos ecológicos, históricos, etimológicos, arqueológicos, antropológicos, geológicos, teológicos e outros, além de seus poemas, sendo citado em inúmeros livros, fichado em bibliotecas universitárias e mais instituições. Versos seus foram incorporados por Fernando Tokarski no seu oportuno “Dicionário de Regionalismos do Sertão do Contestado” [Letras Contemporâneas, Florianópolis, 2004]. No mais, o autor, mais esparsamente, desenha, pinta e compõe. É membro fundador da AJAP – Associação Jaraguaense de Artistas Plásticos, de Jaraguá do Sul. Fez curso de flauta pelo Conservatório de Música “Icléia França Dellagiustina”, de Jaraguá do Sul, com as  professoras Maria José de Oliveira e Rochelle Piske e, na SCAR, cursou Teoria Musical com o Maestro Luiz Fernando Melara. Congregado Mariano desde 1959, atuou na Legião de Maria e nos Cursilhos de Cristandade; agora, atua no Encontro de Casais com Cristo; no Movimento de Emaús [Para a juventude] e em mais atividades pastorais católicas. No seu escritório de advocacia, em Jaraguá do Sul faz, desde 1986, um serviço voluntário de reconciliação e reajustamento conjugal, com encaminhamento aos clínicos e mais recursos de ajuda.

Discurso de posse na Academia Sul-Brasileira de Letras

DISCURSO DE POSSE DE JOSÉ ALBERTO BARBOSA NA CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA SUL BRASILEIRA DE LETRAS EM 23 DE OUTUBRO DE 2013, SOLENIDADE HAVIDA NA SEDE DO C.T.G. JUCA RUIVO, MARAVILHA, SC.


Ilmo. Sr. Dr. Joaquim Moncks,
DD. Presidente em Exercício da Academia Sul-Brasileira de Letras;

Ilmo. e DD. Prof. Dr. José Isaac Pilati, 
DD. Vice-Presidente da Seção de Santa Catarina
da Academia Sul-Brasileira de Letras,
DD. Diretor-Cultural da Academia Desterrense de Letras
e nesta posse meu Paraninfo;

Exma. Sra. Rosimar Maldaner, DD. Prefeita Municipal de Maravilha;

Ilmo. Sr. Augusto César Zeferino,
DD. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina;

Ilmo. Sr. Leno Saraiva Caldas,
DD. Presidente em exercício da Academia Desterrense de Letras;

Ilmo. Sr. José Machado Leal,
DD. Presidente em Exercício da Estância da Poesia Crioula;

Ilmo. Sr. Aldérico Antônio Biazi,
DD. Patrão do C.T.G. Juca Ruivo,

Ilmo. e DD. Sr. Presidente da Câmara Júnior Internacional de Maravilha

e demais Ilmos. DD. Coordenadores da II Jornada Cultural de Maravilha;

Excelentíssimas e Digníssimas Autoridades presentes.

Ilustríssimos e Digníssimos demais membros das Entidades participantes desta II Jornada Cultural de Maravilha.

Ilustríssimos e Digníssimos Convidados.

Distintos Senhores e Senhoras,

Saudações a todos!

            Primeiramente, a manifestação de alegria, minha e de minha esposa Maria Eunice, aqui presente e em cujo nome falo, pelo nosso retorno à cidade de Maravilha justamente neste ano em que completamos cinquenta anos de vida matrimonial; e nossa gratidão a toda essa Comunidade onde, se espalhamos sementes de amor, também frutuosamente aqui os colhemos. Também, minha homenagem ao Prof. Dr. José Isaac Pilati, por sua nomeação e posse como Delegado Regional da Estância da Poesia Crioula no Extremo Oeste Catarinense; e minha homenagem ao Coronel Flavio Luiz Pansera por sua posse como sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. A uma e outra entidade também pertenço.

Prezados senhores e senhoras, por ocasião de minha eleição para membro da Academia Sul-Brasileira de Letras coube-me, naturalmente, a indagação do por quê o ter sido escolhido com tamanha generosidade por parte dos dirigentes da Entidade para a nobre, dignificante e elevada honraria de ocupar como 3º titular a Cadeira Nº 19, cujo Patrono é o ilustríssimo poeta  João da Cruz e Sousa e cujos 1º e 2º Titulares são respectivamente os renomados Rondon Soares e Lauro Junkes , quando é sabido e notório que no território catarinense e brasileiro resplandecem tantos escritores e poetas de relevo que bem melhor representariam essa Academia no majestoso Universo das letras. Homem de escritos e versos modestos e que oferecem um matrimônio entre Literatura e Ciências, encontro justificativa para a minha eleição generosa no fato de adivinhar-se na leitura de meus trabalhos o haver este humilde orador desde a juventude buscado inspiração e exemplo na rica produção de cientistas, poetas e mais letristas paranaenses, catarinenses e sul-rio-grandenses de grande profundidade e renome. Exemplifico com as pessoas de Romário Martins, Reinhard Maack, João José Bigarella, Rosário Farâni Mansur Guérios e mais paranaenses que iluminaram minha juventude e, na terra catarinense e ilustrando minha mocidade de já um modesto professor, a incidência de luminares como Oswaldo Rodrigues Cabral, Celestino Sachet aqui presente, Carlos Humberto P. Corrêa, Theobaldo Costa Jamundá, Paulo Fernando de Araújo Lago, Pe. João Alfredo Rohr, SJ, Walter F. Piazza e o ilustre Victor Antônio Peluso Júnior, por cujas mãos adentrei as portas do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina; na vertente gaúcha de meus formadores aponto necessariamente José Leal Filho – o Juca Ruivo -, Aureliano de Figueiredo Pinto, João Octávio Nogueira Leiria – o Tavico -, João Simões Lopes Neto, Alcides Maya, Roque Callage, José Hilário Retamozo, João Carlos D`Ávila Paixão Côrtes, Luís Carlos Barbosa Lessa, Darcy Azambuja, Erico Veríssimo, os irmãos Rui e Zeno Cardoso Nunes, Jayme Caetano Braun, Glaucus Saraiva e uma verdadeira multidão de autores, culminando com a família de poetas Edmar Pery Mendes de Castro – o Pery de Castro –, a esposa Adilza Laydner de Castro – a Nilza Castro - e sua filha Nilda Beatriz Laydner de Castro – a graciosa Beatriz de Castro - e por cujo amadrinhamento ingressei na Estância da Poesia Crioula. Dito isto, acho que poderei ter meu espaço na Academia Sul-Brasileira de Letras, sim, porque até o poncho do Céu comporta, como pano de fundo das grandes estrelas, também os mais apagados fachos de luz; e nas praias os miúdos grãos de areia se prestam, no menos, para um caminhar mais suave aos pés dos grandes pensadores. Ora, é sabido que o Criador, quando esparramou pelo Sul brasileiro os majestosos pinheiros e as portentosas imbuias, também os entremeou com as humílimas submatas dos faxinais, de pobres gravetos, mesmo com os mais insignificantes xaxins e, nesse universo botânico, não excluiu os mais ínfimos capins; que são assim como cabelos, onde, recordando o dito latino no sentido em que mesmo o mais ínfimo pelo possui sua sombra, adentro jubiloso pela porta que aqui me foi franqueada e trazendo no meu íntimo a certeza de que, oferecendo pouco por ser dos menores, muito mais receberei do que contribuirei intelectualmente. Aceito assim, pressurosamente, a honraria que me foi concedida. Pois bem, dentre tantos luminares que me deitaram raízes na alma vou aqui deter-me em dois desses literatos: tratam-se respectivamente do poeta catarinense João da Cruz e Sousa e do poeta sul-rio-grandense José Leal Filho - o Juca Ruivo. E aceitando com satisfação e agradecendo efusivamente pela indicação, eleição e posse na Cadeira Nº 19 da Academia Sul-Brasileira de Letras e tendo prestado perante ela meu juramento e sendo pela mesma diplomado, passo a proceder à leitura do panegírico ao meu Patrono.


PANEGÍRICO A JOÃO DA CRUZ E SOUSA   –   PATRONO DA
CADEIRA Nº 19 DA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS

                                                                      
JOÃO DA CRUZ E SOUSA, Patrono da Cadeira Nº 19 da Academia Sul-Brasileira de Letras, poeta e prosador de enorme importância nas letras de nossa Pátria, foi o fundador do movimento do Simbolismo no Brasil. Filho de libertos, nasceu no Desterro, atual Florianópolis, no dia 24 de novembro de 1861, sendo filho de Guilherme e de Carolina Eva da Conceição. Ganhou o sobrenome Sousa do Marechal Guilherme Xavier de Sousa, ao qual e em cujo lar seus pais serviam. Recebeu a primeira instrução da generosa esposa de dito marechal e, com o apoio deste, cursou Humanidades no Ateneu Provincial em Florianópolis. Depois disto, tudo lhe foi difícil. Creio que sua poesia reflete o grande somatório de sofrimentos que teve na curta existência de trinta e sete breves anos. Cruz e Sousa viveu então, como ele mesmo diz, uma tristeza ao infinito, torturante e imponderável. Para ele, até a Lua é triste e fria ao ponto de o luar enregelar as rosas e, na sua visão, as gerações vão todas proclamando a grande Dor aos frígidos espaços. Há nele um verdadeiro culto do sofrer e não posso deixar de ver nesse apego respingos do próprio romantismo e que era, então, uma escola em superação, embora seja o romantismo sempre presente e varando as idades, porque inerente ao ser humano. Em Cruz e Sousa, porém, em meio a seus simbolismos belos, o sofrimento é promovido a um modus vivendi. Para a maioria das pessoas uma bela princesa, quando morta, assemelha-se a uma simples camponesa nos apodrecimentos da matéria, em Cruz e Sousa, porém, não por uma morbidez psicológica, mas, na plenitude de higidez sua, predominava como que num modismo a preocupação de o vê-la morta, não a de tê-la antes dentre os vivos e os felizes. Mesmo um sonho branco, belo e risonho, parece-lhe que vai de algum modo amortalhado. Todavia, há uma esperança de felicidade eterna, de um não mais sofrer futuro, pois, ele não se cansa de buscar a canção imortal da formosura e seus poemas são realmente muito lindos, tanto na técnica quanto na evocação dos sentimentos, plenos de belas imagens e manifestando total genialidade. Ora, essa busca da formosura, mesmo se numa visão permanente e sistemática da morte, traz em si uma chama de esperança de vida, porque a busca do belo e da perfeição nele implícita contém, em si, um mal mascarado anseio de felicidade para sempre, do desejo de eterna plenitude no belo e no perfeito, no agradável e mesmo no divino. Nesse sentido, qualquer que seja a escola e modalidade artística, toda perfeição conduz ao belo e ao bom, ao agradável e ao perene, o que universalmente se considera incompatível e antitético com a dor e com a morte, com o desaparecimento e com o fim. Uma releitura de Cruz e Sousa se aconselha assim, no meu entender, numa atitude em que o leitor se una a ele, solidariamente, nas razões do seu sofrimento, seja-lhe empático nos seus lamentos e, no entrementes, busque em todos os seus escritos motivos de alegria e de esperança, de superação e de felicidade. Numa visão religiosa e cristã do mundo, mesmo não posso deixar de visualizar um Cruz e Sousa, morto para esta vida,  agora incomensuravelmente feliz com os seus, todos imersos num esplendor de plenitude humana, no Além, na Eternal Mansão  Celestial onde todas as dores e tristezas do mundo encontram justificação, reparo e compensação. Em Cruz e Sousa vejo, portanto, duas dimensões, a do homem que sofreu e a do homem que se acha restaurado. No entremeio, constato uma magnífica obra literária sua e a qual se revela, também, como uma ponte. A um bom crítico será viável trabalhá-lo por inteiro, mas, essa dupla visão dele e de sua obra é mais lúcida quando parte de um poeta. Ou de um teólogo. E, de fato, muitas vezes é difícil separar a Poesia da Teologia. Tornemos, entrementes, a este mundo para dizer que sua vida foi duríssima, dificílima. Tentou sem sucesso empregar-se no magistério, no comércio e no jornalismo. A pobreza e a negritude lhe eram obstáculos. Muda-se para a cidade do Rio de Janeiro onde vive com imensos sacrifícios financeiros. Em 1893 casa-se,  apesar da penúria. Consegue, então, o cargo de arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil, mas, com ínfimo ganho. O trabalho é penoso. À noite, lê muito e muito escreve. A esse tempo, insurge-se contra o Parnasianismo e o Naturalismo. Em 1893 publica dois livros: Missal e Broquéis. Com eles, implanta no Brasil o Simbolismo que importa da França, pleno de metáforas e de misticismo e com o emprego de expressões desusadas, que a uns encantam e a outros aborrecem.  Morrem-lhe três filhos. A esposa fica por meses mentalmente enferma. Ele próprio, tomado pela tuberculose, morre na cidade de Sítio, em Minas Gerais, no dia 19 de março de 1898. Foi em vão que ali buscou melhores ares, repouso e cura. O corpo é trazido ao Rio de Janeiro de improviso, num trem de transporte de gado. Seus três livros póstumos, Faróis, Últimos Sonetos e Evocações vieram a lume pela dedicação do amigo Nestor Vítor. O imortal Cruz e Sousa permaneceria na semiobscuridade literária por duas décadas, até começos do século XX, quando o advento do Modernismo produziria, com Cecília Meireles, Jorge Lima e outros precursores, uma redescoberta e merecida valorização do autor catarinense que, além de fundador, é o maior nome no simbolismo brasileiro.

Dito isto passo, agora, a proceder a uma homenagem ao poeta Juca Ruivo.

HOMENAGEM AO POETA JOSÉ LEAL FILHO – O JUCA RUIVO

JOSÉ LEAL FILHO, que na Literatura é principalmente conhecido como JUCA RUIVO, é importante e afamado poeta e prosador sul-rio-grandense nascido no Quaraí num mês de fevereiro e batizado no Alegrete em 29 março de 1902, sendo ali criado. Filho dos maragatos José da Silva Leal e Adolphina Schmiht Leal, viveu desde piá na efervescente região da Campanha, educado na aversão à política positivista assentada por Júlio de Castilhos e mantida por Borges de Medeiros, contra cujo governo lutaria em revoluções seguidas. Tenente heroico dos lanceiros do caudilho Honório Lemes, ferido no rosto e no peito no Combate da Ponte do  Ibirapuitã, dias depois já dava pancas no Combate do Capão do Mandiju. João Batista Lusardo, seu companheiro de armas, deu testemunho em como lhe encantou presenciar o jovem poeta e rebelde maragato declamando nos acantonamentos revolucionários já em 1923. Ruivo fez o mesmo nas reuniões do partido Federalista e, depois, nas do Libertador que sucedeu àquele, angariando fama e discípulos. Ganharia na alma uma dor que não mais se findaria quando, na revolução de 1930, morre no Combate de Quatiguá, crucificado a balaços, seu estimado amigo e ordenança Malaquias Conceição. Ruivo deixou a respeito do amigo um vasto poema épico inconcluso e inédito e que estou cuidando de preservar em acordo com a família do poeta. Findas as guerras, viveria em andanças, trabalhando como engenheiro ferroviário e civil, vivendo da topografia e da agrimensura no Rio Grande do Sul (São Borja, Santa Rosa, Erechim), Santa Catarina (Passarinhos, Palmitos, Cunha Porã, Maravilha) e Mato Grosso (medições e pesquisas geológicas ocasionais). Desde 1949, a serviço da Cia. Territorial Sul Brasil, viria para as terras do Velho Chapecó, onde fundaria Maravilha e assentaria as bases de mais cidades vizinhas. Em Maravilha nos conhecemos em 1970 quando era eu promotor público e nos seus dois últimos anos de vida, até seu falecimento em 8 de maio de 1972, vivemos em prolongadas tertúlias, pelas quais suas lições de geologia e geografia, antropologia, arqueologia e história me permitiram preservar grande somatório de conhecimentos oestinos e transmiti-los a historiadores como Francisco Gialdi e José Isaac Pilati, que os puseram em livros. Juntos, Ruivo e eu fomos dos fundadores e organizadores do Museu Municipal Pe. Fernando, em Maravilha. Aprofundou-me, no mais, na cultura missioneira, campeira e povoeira sulina, introduzindo-me nos grandes poetas e escritores gaúchos, inclusive, nos seus versos. Deixou-nos uma antologia, o livro Tradição, cuja reedição pelo C.T.G. Juca Ruivo em 1985 fui convidado a prefaciar, cuidando então de biografá-lo e de já examinar criticamente sua obra. Seus poemas prosseguem na preocupação da prosa de Alcides Maya, no sentido de preservação das tradições gaúchas. Nos poemas do Ruivo, ricos de imagens e de evocações,  nos deliciamos com os umbus e sina-sinas; com um rancho velho e taperas esquecidas; com cordeonas e fandangos, bardos e ramadas; com caudilhos e entreveiros; desafios de poetas e lindas paiadas quixotescas; com tropeiros pelos estradões e matambre de novilha pingando graxa no espeto; com charruas aguerridos e carretas singrando o caminho das Missões; com o silêncio dos campos-santos e a nostalgia do terço Lau Sus Chris rezado ao por do sol nas Reduções. Enfim, são versos de encantamento, de amor à terra, aos heróis, à História. Jovem ainda, foi ele poeta afamado e aplaudido no universo gaúcho das Américas e o escultor uruguaio José Belloni fundiu versos do seu poema Carreta em cambotas do grandioso monumento La Carreta que ornamenta Montevidéu, como Ruivo me mostrou em fotos no dia 26 de março de 1970, em Palmitos, dizendo que no La Carreta os versos dele e de outros nove poetas foram, lamentavelmente, apagados pelas intempéries. É algo que se deve recuperar, a bem da cultura. Quanto ao poeta ruano, de seu valor basta recordar que, até os começos do século XX e antes que ele praticasse o que defino como uma poética campeira e culta, a poesia e a prosa crioula dos gaúchos, plena de lirismo e embora já bastante prestigiadas nas esferas intelectuais do Uruguai e da Argentina, onde as consagraram autores como José Alonso y Trelles – o Viejo Pancho -, José Hernández, Ricardo Güiraldes, Enrique Amorín, Elías Regules e outros mais, já no Brasil tal gênero poético belo estava relegado ao ostracismo da vida galponeira. Juca Ruivo e outros mudaram esse estado de coisas e, inclusive, em 1957 tornou-se ele co-fundador da Estância da Poesia Crioula, em Porto Alegre, o que representou dar-se ao linguajar crioulo o status acadêmico que há muito merecia no Brasil. Graças a ele e outros mais pioneiros, por exemplo, em Porto Alegre o chique deixou de ser o falar-se o francês e o inglês, para adotar-se o vocabulário campeiro dos gaúchos, para o que favoreceu a paralela tendência regionalista do nascente Modernismo. Barbosa Lessa disse que, discutindo-se no recém fundado 35 C.T.G. - o primeiro deles - o que haveria de ser considerado poesia tradicionalista gaúcha, ficou assentado que seria tal e qual aquela produzida por Juca Ruivo, Glaucus Saraiva da Fonseca e Aureliano de Figueiredo Pinto. Portanto, sua poética é padrão da cultura crioula sul-rio-grandense e brasileira. No mais, Juca Ruivo transitou dentre nós como um somatório de homem e mito. Era e continua sendo alvo de um culto reverencial. Poeta, mas, tornado também personagem, vejo nele um Martín Fierro, um Don Segundo Sombra brasileiro. Por isso que Jayme Caetano Braun - que se confessa seu discípulo e que desde guri se encantara com as histórias a seu respeito - , vai dizendo em seus poemas, recordando os versos do ruano cantor: “Era o Ruivo - que venero desde as tropeadas da infância”; o “Quero-quero da tradição campechana”; a “Voz pampiana do Caminho das Missões”; o “Pajé dos fogões”; o “Ruivo da Saudade”; o “Ruivo do Umbu”; o “Ruivo da Tapera desquinchada”; o “Ruivo do Ñanquentru de coração abugrado”; o “Cantor das sesmarias”; o “Ruivo de buena lei / que simpatias deságua”; e ainda tratando-o como um “Guarda-fogo de angico”. Após conhecê-lo em 1957, afirmou num poema que “Juca Ruivo não é lenda; / eu conheci esse cantor”. Jayme não conseguia encontrá-lo porque Juca Ruivo desde 1949 vivia em terras catarinenses. Aliás, o Ruivo é assim como que uma sólida ponte cultural dentre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É gaúcho, mas, fez-se catarinense também. Queria viver em Maravilha para sempre e na morte o taita realizou isto. Está vivo nesta terra catarinense. Cunhou a alma da população toda desta parte do Velho Chapecó. Como registrou o Prof. Dr. José Isaac Pilati, no seu Panegírico perante a Academia Desterrense de Letras – que o honra com a Cadeira n. 23 - “Juca Ruivo é um poeta que representa o homem construtor do Oeste de Santa Catarina” e “A poesia de Juca Ruivo é o retrato da alma dos pioneiros do Extremo Oeste”. Enfim, na falta de um Carlos Reverbel para biografá-lo – como já se lamentara no Rio Grande do Sul -, eu mesmo assumi isto. Aliás, já acertara isso com ele aí por 1970 ou 1971. Me autorizara verbalmente a fazê-lo. Ficou feliz com minha sugestão e passou-me dados seus. Não poderia eu perder o momento histórico e, ademais, não se deixa de bolear a perna em um cavalo que passa encilhado. Estudo-o sistematicamente há 43 anos, sou seu biógrafo em prosa e em verso, sim, porque ele fez de mim, também, um poeta crioulo. Sou o derradeiro e o menor de seus discípulos, mais povoeiro que campeiro, porém, sempre um poeta crioulo. Com a morte do grande vate gaúcho, sua amável viúva Alaides da Costa Leal sempre continuou prestigiando e apoiando meus escritos. Cunhei as expressões ruivianos e jucaruivianos para definir seus versos e mais escritos e também os versos, estudos e outros escritos a seu respeito. Com todo um grupo informal de poetas e pajadores, escritores e historiadores como José Isaac Pilati (Mário Castelhano), João Batista Marçal, Pe. Simão Pedro Claudino dos Santos, SCJ (o Índio Potiguar), Cel. Luiz Carlos Baddo Bettencourt (Luís Trançudo, Vô Trançudo, Luigi), José Hilário Ajalla Retamozo, José Antônio Fagundes (Nico), Carlos Romeu Grande, Leopoldino Vieira Cidade (o Pouca Carne), Heitor Lothieu Angeli, José Angeli, Francisco Gialdi, Julmir Viccari, Beatriz de Castro, José Machado Leal, Hilton José Araldi, Israel Lopes, Paulo Monteiro, Joaquim Moncks e outros poetas e escritores dentre gaúchos e catarinenses, todos grandes admiradores de José Leal Filho – o Juca Ruivo -, tenho prosseguido desde 1970 na legenda do Juca Ruivo. Vários desses taitas que me passaram dados a seu respeito ou que o estudaram ou que sobre ele versejaram estão já mortos, porém, mesmo lá da Estancia Celestial – junto com o Ruivo -,  – esses torenas das letras comungam conosco, todos chimarroneando de mano no culto a uma imortal Gaúcha Tradição e levando adiante uma legenda jucaruiviana que também não morrerá jamais. Colaborei com José Isaac Pilati na sua obra Juca Ruivo – Tradição (I.O.E.S.C., 2002) e juntos e com João Batista Marçal o biografamos e reeditamos sua antologia no livro homônimo Juca Ruivo – Tradição [Fundação José Arthur Boiteux, Florianópolis, 2004]. São obras que se complementam. Escritos mais amplos e aprofundados, inclusive falando dos seguidores da legenda ruiviana e seus escritos, são por mim oferecidos nos meus dois livros inconclusos Juca Ruivo, Poeta e Peleador - Alma e Vida da Tradição (em prosa) e o Terra e Gente de Juca Ruivo (basicamente biografando-o em versos seguidos de anotações), dos quais neste ato procedo a pré-lançamento em único CD-room, o primeiro deles dado a lume por segunda vez. Prosseguindo em tal legenda, nós, poetas, pajadores e escritores, crioulos ou não, historiadores e pesquisadores, sentimos o grande vate como que estando ainda dentre nós, pleno de poesia e de vida. Como a Gaúcha Tradição, Juca Ruivo, o seu maior herói, jamais haverá de morrer.

É a homenagem!

Tenho dito!

     José Alberto Barbosa

                                                          
                                                           [Maravilha, SC, sede do C.T.G.
 Juca Ruivo, em 23.10.2013].


                                                                      


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Brasileiro não gosta de trabalhar?

Brasileiro não gosta de trabalhar?

Convergência Digital - Carreira
:: Convergência Digital - 17/10/2013

O mito que o brasileiro não gosta de trabalhar foi derrubado por um estudo global do instituto de pesquisa Gallup. Segundo o levantamento, o brasileiro é o sexto mais engajado no trabalho do mundo. Na análise regional, o País fica atrás apenas do Panamá e da Costa Rica.

De acordo com o estudo, o percentual de brasileiros engajados no trabalho - que estão emocionalmente envolvidos e focados na produção das empresas - chegou a 27%, bem acima da média global de 13%. O instituto ouviu opiniões de trabalhadores em 142 países sobre temas como materiais e equipamentos necessários para trabalho, as expectativas da empresa, progresso pessoal, qualidade de vida, relações afetivas, entre outros.

O ranking é liderado pelo Panamá, Costa Rica, Estados Unidos, Filipinas e Qatar. Na outra ponta, nenhum profissional entrevistado na Síria afirmou estar engajado no emprego. No Japão, Israel e na Tunísia os índices ficaram em apenas 5%.
Fonte: Convergência Digital

sábado, 7 de setembro de 2013

Para quem já teve um cão de estimação:


 
História de Um Cão
 (Luis Guimarães Filho)

Eu tive um cão. Chamava-se Veludo,
Magro, asqueroso, revoltante, imundo,
Para dizer numa palavra tudo,
Foi o mais feio cão que houve no mundo.

Recebi-o das mãos d’um camarada,
Na hora da partida. O cão gemendo,
Não me queria acompanhar por nada,
Enfim – mau grado seu – o vim trazendo.

Veludo a custo habituou-se à vida,
Que o destino de novo lhe escolhera,
Sua rugosa pálpebra sentida,
Chorava o antigo dono que perdera.

Passou-se o tempo. Finalmente um dia,
Vi-me livre daquele companheiro,
Para nada Veludo me servia,
Dei-o à mulher d’um velho carvoeiro.

E respirei! “Graças a Deus! Já posso”
Dizia eu viver neste bom mundo,
Sem ter que dar diariamente um osso,
A um bicho vil, a um feio cão imundo.”

Mal respirei, porém! Quando dormia
E a negra noite amortalhava tudo,
Senti que à minha porta alguém batia:
Fui ver quem era. Abri. Era Veludo.

Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo,
Farejou toda casa satisfeito,
E – de cansado – foi rolar dormindo,
Como uma pedra, junto do meu leito.

Praguejei furioso. Era execrável,
Suportar esse hóspede inoportuno
Que me seguia como o miserável
Ladrão, ou como um pérfido gatuno.

E resolvi-me enfim. Certo, é custoso
Dizê-lo em alta voz e confessá-lo,
Para livrar-me desse cão leproso,
Havia um meio só: era matá-lo.

Zunia a asa funebre dos ventos,
Ao longe o mar na solidão gemendo
Arrebentava em uivos e lamentos...
De instante a instante ia o tufão crescendo.

Chamei Veludo; ele seguiu-me. Entanto
A fremente borrasca me arrancava
Dos frios ombros o revolto manto
E a chuva meus cabelos fustigava.

Veludo à proa olhava-me choroso
Como um cordeiro no final momento.
Embora! Era fatal! Era forçoso
Livrar-me enfim desse animal nojento.

No largo mar ergui-o nos meus braços
E arremessei-o às ondas de repente...
Ele moveu gemendo os membros lassos
Lutando contra a morte. Era pungente.

Voltei a terra – entrei em casa. O vento
Zunia sempre na amplidão, profundo.
E pareceu-me ouvir o atroz lamento
De Veludo nas ondas moribundo.

Mas ao despir dos ombros meus o manto
Notei – oh, grande dor! – haver perdido
Uma relíquia que eu prezava tanto!
Era um cordão de prata: - eu tinha –o unido.

Contra o meu coração constantemente
E o conservava no maior recato,
Pois minha mãe me dera essa corrente
E, suspenso à corrente, o seu retrato.

Certo caíra além no mar profundo,
No eterno abismo que devorava tudo;
E foi o cão, foi esse cão imundo
A causa do meu mal! Ah ! se Veludo

Duas vidas tivera – duas vidas
Eu arrancava àquela besta morta
E àquelas vis entranhas corrompidas.
Nisto senti uivar à minha porta.

Corri – abri... Era Veludo! Arfava:
Estendeu-se a meus pés -, e docemente
Deixou cair da boca que espumava
A medalha suspensa da corrente.

Fora crível, oh Deus? – Ajoelhado
Junto do cão – estupefato, absorto,
Palpei-lhe o corpo: estava enregelado;
Sacudi-o, chamei-o ! Estava morto
!
-=-=-=-=-=-=-=-=-=-

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Martin Luther King Jr

-I Have a Dream

Martin Luther King Jr.    August 28, 1963
I say to you today, my friends, even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American Dream.

I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident; thal all men are created equal".

I have a dream that one day even the state of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.

I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.
I have a dream today.

I have a dream that one day down in Alabama with its vicious racists, with its governor having his lips dripping with the words of interposition and nullification one day right there in Alabama little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and little white girls as sisters and brothers.
I have a dream today.

I have a dream that one day every valley shall be exalted, every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plains, and the crooked places will be made straight, and the glory of the Lord shall be revealed, and all the flesh shall see it together.
This is our hope. This is the faith that I go back to the South with.
With this faith we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope.
With this faith we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood.
With this faith we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, knowing that we will be free one day.
This will be the day when all of God's children will be able to sing with new meaning, "My country 'tis of thee, sweet land of liberty, of thee I sing. Land where my father died, land of pilgrims' pride, from every mountainside, let freedom ring".
And if America is to be a great nation this must become true. So let freedom ring from the prodigious hilltops of New Hampshire. Let freedom ring from the mighty mountains of New York. Let freedom ring from the heightening Alleghenies of Pennsylvania!

Let freedom ring from the snowcapped Rockies of Colorado! Let freedom ring from the curvacious slopes of California!
But not only that; let freedom ring from the Stone Mountain of Georgia! Let freedom ring from Lookout Mountain of Tennessee. Let freedom ring from every hill and mole hill of Mississippi. From every mountainside, let freedom ring, and when this happens,

When we let freedom ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, "Free at last! Free at last! Thank God almighty, we are free at last"!


terça-feira, 23 de julho de 2013

Parada Militar de 7 de setembro em 1946 (raridade/USA)

Sugestão de Henrique Jesuino/Wilbert
Reprodução do e-mail:
Restaurados alguns trechos de filmes do desfile de 7 de Setembro de 1946 na Av Pres Vargas no RJ. Vemos os cavalarianos Dragões da Independência e o marechal Eurico Gaspar Dutra a cores, artilharia no final com alguns 280 (não sei ao certo). Eu nunca tinha visto este material. Os filmes foram feitos pelo Signal Corps do exército americano durante a visita ao Brasil do general Dwight Eisenhower (Ike) o grande comandante da Invasão da Normandia (Dia D) e combates posteriores até a derrota dos nazistas. Posteriormente foi eleito presidente dos EUA. Certamente muitos ex-combatentes ainda incorporados estavam presentes. Ligue o som e clique no link abaixo. http://youtu.be/8k3N_bFypXI

domingo, 9 de junho de 2013

Curiosidades

Curiosidades Literárias
O escritor Wolfgang Von Goethe escrevia em pé. Ele mantinha em sua casa uma escrivaninha alta.

O escritor Pedro Nova parafusava os móveis de sua casa a fim que ninguém o tirasse do lugar.

Gilberto Freyre nunca manuseou aparelhos eletrônicos. Não sabia ligar sequer uma televisão. Todas as obras foram escritas a bico-de-pena, como o mais extenso de seus livros, Ordem e Progresso, de 703 páginas.

Euclides da Cunha, Superintendente de Obras Públicas de São Paulo, foi engenheiro responsável pela construção de uma ponte em São José do Rio Pardo (SP). A obra demorou três anos para ficar pronta e, alguns meses depois de inaugurada, a ponte simplesmente ruiu. Ele não se deu por vencido e a reconstruiu. Mas, por via das dúvidas, abandonou a carreira de engenheiro.

Fonte: http://www.alcioneideoliveira.pro.br/  (site de dicas de português e literatura)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Alemanha, um país que tinha ou tem tantos nomes..


Nós nos ocupamos um pouco com seu artigo e fizemos um passeio pela nossa história. 

Texto de Renate Drews, Kiel - DE

Os nomes dão historicamente um espelho sobre as condições de poderes e envolvimento cultural do centro da Europa e seus habitantes.

O "País dos Alemães" não existia há muito tempo atrás. A área territorial que conhecemos hoje como um país era formado  por muitos reinos onde seus reis  sempre se guerreavam entre sí em  muitas e seguidas batalhas. Ninguém pensava em "Deutschland" e nenhum deles falava a língua alemã. Alias, esta língua também não existia como nós  a conhecemos  hoje.

Hoje quando se escuta o holandês, então você pode mais ou menos imaginar como uma grande parte dos habitantes no norte do Rio Mainz  se comunicavam. Foi daquela "língua" que  se cristalizou no que nós hoje entendemos como a língua alemã.

Naqueles longínquos  tempos, o sul tinha uma cultura muito mais adiantada que a dos irmãos do norte. Lá acontecia vários contatos com outros países  vizinhos e com a cultura deles. 

Esse contato influenciou também o idiom. E, isso é  notado ainda hoje.

Deutschland foi primeiramente 1871 um estado com uma capital, um "Kaiser"(Imperador) qual tinha o poder sobre todos os outros reis. Os demais reis tinham perdido o poder deles. O  novo poder se concentrava  em um só e não mais divido por muitos. Desde aí podia-se então desenvolver Deutschland. Também o idioma alemão, qual tinha se desenvolvido até aí, foi falado em todo o país. Nas escolas esse o idioma  foi ensinado como hoje se faz com uma língua estrangeira.

Isto significava que os idiomas antigos, como por exemplo "Plattdeutsch", sumiram. Deutschland  não existia então até aí de maneira nenhuma como algo como nós hoje entendemos, nem como um estado e nem com uma linguagem única. Somente os de níveis altos, os sábios, entendiam o significado de “Teutsch” para dar  um significado à salada de línguas dos muitos e pequenos países. 


Para o povo valia outra coisa, ele ainda não sentia-se como "Alemão/Deutsch", pois  há 100 anos atrás, sentia-se como aqueles que eram em mais de cem gerações antigas, partes das tribos históricas e germânicas.

No norte eram os "Sachsen"(Saxões)  (não os de hoje, estes moram em outro lugar e não são mais os
 "Sachsen", chamam-se somente assim) e os "Angeln"e os "Friesen" por exemplo e no sul da Alemanha por ex. os Franken, que outrora fundaram  o "Frankenreich" o que hoje se chama "Frankreich" (Franca) (Frankenreich = Frankreich = France= Vive la France - Isso já faz muito tempo!

 Os Angeln e os "Sachsen" habitaram Inglaterra (England) e os "Friesen" toda a Costa Atlântica até no norte da Holanda. Lá não existia "Deutsch" (alemão)e ninguém pensava e sentia "Deutsch".

Quando você nota na discussão política de hoje, para o alemão geralmente é igual se ele é Deutsch ou Europeu.

A discussão me animou a fazer uma corrida rápida pela história alemã. Eu acho cada vez mais isso muito interessante. Mais uma coisa eu penso: os alemães preferiam muito mais de se chamar Germanien, mas isto é históricamente impossível. Nós olhamos sempre com um pouquinho de inveja para  England(Inglaterra), nossos "parentes" :-) lá foram mais corajosos e  nos chamam  de Germany! Que não se chama nada mais do que "País dos Germanos". E  na Franca nos chamam  de "Allemagne", isto significa "Terra dos Allemannen". Eles eram antigamente Germanos quais habitavam na beira do Reno, perto da Franca. Este tribo ajudou e sustentou muito o desenvolvimento dos Franceses :-) :-) :-). E os italianos dizem Germania.


Eu tenho a consciência de que isso é uma pequena  vista muito por cima do tema “Teutsch”. E além disso também uma  contemplacão muito subjetiva. Nenhuma palavra aos escritores alemães da Idade Média,(como um exemplo: Hildegard von Bingen 400 anos mais antes, (1098 – 1179) ela já pensava Deutsch, mas publicava em Latim, ou  Hans Jakob Christoffel von Grimmelhausen no século 17, (1621 – 1676) um autor qual escrevia “Deutsch” e dele o mais famoso livro tinha até o título “Teutsch” (Simplicissimus Teutsch) aos trovadores, ao Sacro Império Romano da Nação Alemã, (Era grande. Mas não de importância. No início do século 19 acabou-se com isto. Mas: já era totalmente oficial “Deutsch)  à vida nas cidades e à as tentativas de achar um idioma para todos. Martin Luther (Martinho Lutero) (1483 – 1546) que traduziu a Bíblia latina para  o o “teutsche” ganhando com esta ação grande reconhecimento. Naquela época  o alemão habitual, hoje não mais usado e compreendido, era um idioma, que  também não foi usado pelo povo; e não foi nem lido pelo povo. Pois  ler e escrever eram bens de reserva para uma pequena parte das classes superiores. Não existia escolas, somente conventos. Mas, estes se preocupavam primeiramente com a educação e instrução dos próprios habitantes do convento, da própria gente da igreja ou dos filhos dos fidalgos, dos aristocratas.
 O povo “do lado de fora da porta” era geralmente sem liberdade, nos termos de hoje eram meros  escravos. As cidades eram diferentes em pouco número. E quando era uma cidade, lá havia poucos habitantes.

Nossa visita vai   também  ao famoso Johannes Guttenberg, (nasceu pelos anos 1400 – faleceu 1468) ele tipógrafo (impressor) que também ganhou grande  reconhecimento.. 

Páginas e páginas poderíamos escrever agora sobre essa história real da Alemanha.  

Tudo isso afetou pelo menos 1/10 da população. Bem 95% daqueles que mais tarde se chamaram "deutsch" viviam no campo. Ainda no início do século 19, 90% da população vivia fora das cidades. Como já disse: ela não sabia de ler e escrever. A vida deles era o trabalho. Na maioria como servos, que sem direitos gerais, nem o de escolher sua noiva ou seu noivo. Eles trabalhavam da madrugada quando o galo cantava até à tarde quando o sol sumia no horizonte. Aí restava ainda um pouco da comida pobre sem valor nutritivo (Mingau de qualquer farinha, sopa, batatas....) e um saco de palhas para se deitar. Tanto os homens como as mulheres estavam aos 30 anos fisicamente no fim, já esgotados. As crianças já velhas, mal que podiam andar.

Esta gente, 90% da população, tinha outros interesses do que se preocupar com o significado de “Teutsch”. O povo falava o idioma dos pais e estes o idioma dos pais deles. Assim esta língua do povo  foi passada  por centenas de gerações. E, foi o suficiente para comunicar um com o outro e de aldeia para aldeia.  Não era suficiente para uma espécie de "globalização"através dos limites da paisagem e que também não era mesmo necessário. Quando isto foi possível, no movimento ou no caminho da industrialização, morreram estes idiomas e o"Deustsch" se firmou como língua nacional. 

Eu queria dar uma vista ao “Teutsch” da perspectiva daqueles que viveram por aqui. Mesmo assim, dei a vista piscando com um olho considerando o tempo que passou.

PS : Em português usa-se ainda hoje a expressão “Teuto” derivado de “Teutsch” para designar ligações com a Alemanha e alemães.
Ex.: Ele é um teuto-brasileiro (é um brasileiro que descende de alemães)
O governo defende uma aliança “teuto-brasileira” para fortalecer o comércio exterior.