CURSO DE INTRODUÇÃO AO CINEMA
De 12 a 15 de dezembro de 2009
No Espaço Cultural Sinhá Prado – Cambuquira-MG
Promovido pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais
INSCRIÇÕES GRATUITAS
VAGAS LIMITADAS!
CONTEÚDO PRINCIPAL
- introdução à história e à linguagem cinematográfica;
- introdução à análise crítica de filmes.-
OBJETIVOS
- sensibilizar os participantes em relação à arte cinematográfica, oferecendo elementos para melhor compreensão de um filme;
- estimular a criação e participação em cineclubes, a reflexão e o debate de filmes.
MINISTRADO POR CARLA MAIA
Carla Maia é mestre em Comunicação Social pela UFMG. É uma das organizadoras do forumdoc.bh - Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte, promovido pela Associação Filmes de Quintal, da qual faz parte. Tem experiência na área de curadoria e organização de mostras de cinema, além de ministrar oficinas e cursos de audiovisual. Atua também como produtora e é co-diretora, ao lado de Raquel Junqueira, do filme Roda, documentário sobre a Velha Guarda de Samba de Belo Horizonte, em fase de finalização.
SINOPSE DO CURSO
O curso irá apresentar os principais aspectos da linguagem cinematográfica, a partir dos filmes e autores que marcaram a história do cinema, seja pelo ineditismo das propostas formais, seja pela relevância do conteúdo tratado. O foco do curso será pensar uma história do cinema em permanente relação com a história do mundo - o cinema como instrumento que reflete e incorpora as questões pertinentes a cada época. Buscaremos pensar como um filme pode pertencer ao seu tempo, ao seu contexto histórico, através tanto de escolhas formais quanto temáticas. O que mostrar, como mostrar, por que mostrar - essas serão as perguntas recorrentes durante o curso.
A história do cinema será apresentada em diálogo com o contexto brasileiro, a partir de uma reflexão acerca das influências e diferenças existentes entre a produção estrangeira e nacional. Ao relacionar as diferentes obras a seu contexto histórico específico, a intenção é provocar uma reflexão acerca das potências próprias do cinema - as questões políticas, éticas e estéticas que ele permite elaborar e desenvolver, a partir de seus frágeis instrumentos: imagens e sons organizados em blocos de espaço-tempo.
Em linhas gerais, o método será sempre o de assistir filmes e deixar que as questões derivem do que foi visto e ouvido. Os filmes não serão meros exemplos de um pensamento que lhes é anterior e possa ser aplicado a eles, antes, eles serão os detonadores do pensamento: toda reflexão terá inicio na imagem e pela imagem. Num primeiro momento, os participantes serão instigados a comentar suas primeiras impressões. A partir dos comentários, a discussão será conduzida e desenvolvida. Em anexo, o programa do curso, apresentando as principais questões a serem trabalhadas e os filmes que serão apresentados, parcial ou integralmente.
PÚBLICO ALVO
- interessados em cinema de todas as idades que queiram compreender os rudimentos da história e linguagem cinematográfica, bem como formas possíveis de aproximação/ leitura de um filme; e/ou
- participantes de cineclubes, bem como pessoas interessadas na implementação de pontos de exibição.
OUTRAS INFORMAÇÕES
- data: 12 a 15 de dezembro de 2009 (sábado a terça)
- local: Espaço Cultural Sinhá Prado - Av. Virgílio de Melo Franco, 481 – Cambuquira-MG
- carga horária: 20 horas / sábado e domingo, das 10h às 12h, e das 14h às 18h. / segunda e terça: das 18h às 22h.
- 35 vagas
INSCRIÇÕES
Para inscrever-se basta enviar dados abaixo para o email espacoculturalsinhaprado@gmail.com, e aguardar a resposta com confirmação de vaga por email.
- NOME COMPLETO:
- DATA DE NASCIMENTO:
- TELEFONE(S):
- EMAIL:
- ENDEREÇO:
Os interessados que não utilizarem email, poderão se inscrever pessoalmente no Espaço Cultural Sinhá Prado, ou pelo telefone (35)9842-1886 ou (11)9608-4026.
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PROGRAMA DO CURSO
Primeiro encontro:
As imagens em movimento e o movimento no pensamento
Apresentação da proposta do curso. Os primeiros espectadores. A imagem-movimento e seus efeitos na percepção e na vida social. A relação forma e sentido segundo Eisenstein. Os impactos no Brasil. Chaplin, o cinema mudo e o prenúncio do fim de uma era com a chegada do cinema falado. Trechos de filmes: A chegada do trem na estação - Irmãos Lumière (1895), O encouraçado Potemkin (1925), Homem com a câmera (1929), Limite - Mário Peixoto (1931).
Exibição de Tempos Modernos (1936)
Segundo encontro:
As novas imagens: o cinema moderno.
Introdução ao pensamento do cinema moderno: neorealismo italiano e nouvelle vague. O cinema pós-guerra. O cinema-verdade: Rouch e o documentário. Impactos no Brasil: cinema novo. Trechos de filmes: Cidadão Kane, Roma, cidade aberta - Rossellini (1945), Rio 40 Graus (1955), Os mestres loucos (1955), 5 vezes favela (1962).
Exibição de Terra em Transe, do Glauber.
Terceiro encontro:
O real das imagens: modos de exibir, modos de resistir.
Comentário de Terra em Transe. Reflexão sobre as relações entre cinema, estética e política.
Exibição de Iracema e comentário. Questões históricas. O cinema como resistência. Relações documentário e ficção.
Quarto encontro:
As imagens por vir: desafios e conquistas do cinema no Brasil
Exibição de Corumbiara, de Vincent Carelli.
Comentário de Corumbiara. Modos de abordar a questão indígena e outras questões pertinentes no contexto brasileiro. Trechos dos filmes Serras da Desordem (2006) e Duas aldeias, uma caminhada (2008). Reflexões sobre a produção nacional recente e os desafios que ainda se apresentam. Os últimos quatro filmes (Iracema, Serras da Desordem, Duas aldeias, uma caminhada e Corumbiara) todos relacionados à questão indígena no Brasil (tão antiga quanto urgente e muitas vezes negligenciada ou esquecida) serão mote para a discussão acerca do potencial do cinema para lidar com aspectos da realidade, assumindo uma função crítica e conscientizante. A discussão irá se desenvolver no sentido de refletir sobre outros temas recorrentes na cinematografia nacional, como a violência e a pobreza, por exemplo, explorados em filmes como Cidade de Deus, Ônibus 174 e Tropa de Elite. O que mostrar e como mostrar será a questão principal de todo o curso.
Relação dos filmes com sinopses e comentários.
A chegada do trem na estação (1895)
Direção: Auguste e Louis Lumière
27 de Dezembro de 1895: os irmãos Lumière organizam a primeira projecção cinematográfica pública e paga. Teve lugar no Salão Indiano, na cave do Grand Café, no Boulevard des Capucines, em Paris. Os bilhetes de entrada custavam 1 franco e davam direito a ver dez pequenos filmes de cerca de um minuto cada um. O público, a princípio, mostra-se desconfiado, pensa tratar-se apenas de mais uma simples projecção de uma lanterna mágica. Contudo, os primeiros espectadores ficaram estupefactos ao ver a chegada duma locomotiva na gare de Ciotat. Alguns dos espectadores chegaram mesmo a fazer um movimento de recuo para escapar ao avanço da máquina, pensando que ela se precipitaria realmente sobre eles.
Pretende-se com a exibição desse filme iniciar a discussão a respeito das mudanças perceptivas e cognitivas que as imagens em movimento provocaram nos modos de ver e perceber da humanidade.
O encouraçado Potemkin (1925)
Direção: Serguei Eisenstein
O Encouraçado Potemkin é a realização mais importante e conhecida do russo Serguei Eisenstein. O filme é considerado um marco na montagem cinematográfica. Filmado em 1925 e feito sob encomenda para comemorar os vinte anos da Revolução Russa, o filme parte de um fato histórico de 1905 - rebelião de marinheiros de navio de guerra - para criar uma obra universal que fala contra a injustiça e sobre o poder coletivo que há nas revoluções populares. O filme é dividido em cinco partes que se ocupam em provocar uma situação tal de espaço-tempo onde todos os pormenores apresentam um significado a ser apreendido pelo espectador. Pretende-se com a exibição de trecho desse filme refletir sobre os princípios de montagem e sobre relação cinema e política.
Homem com a câmera (1929)
Direção: Dziga Vertov
As imagens de Moscou, Kiev e Odessa são estruturadas como uma partitura musical. A trilha sonora é composta e conduzida pela Alloy Orchestra, seguindo as instruções escritas por Dziga Vertov. Grande marco do cinema soviético do período Lenin, o filme é o mais célebre exemplo da ruptura total do cinema com a literatura e a dramaturgia, uma iniciação aos segredos da linguagem cinematográfica.
Limite (1931)
Direção: Mário Peixoto
Filmado em 1930, exibido pela primeira vez em 1931, Limite se tornou, ao longo dos anos, um filme lendário. Foi votado várias vezes como o melhor filme brasileiro já realizado e pode ser considerado a primeira e única referência para filmes brasileiros experimentais (apesar da problemática do termo) do cinema mudo. Pretendemos estabelecer paralelos entre esse filme e os anteriores, buscando relacionar a produção nacional ao contexto do cinema estrangeiro.
Tempos modernos (1936)
Direção: Charles Chaplin
Trata-se do último filme mudo de Chaplin, que focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, imediatamente após a crise de 1929, quando a depressão atingiu toda sociedade norte-americana, levando grande parte da população ao desemprego e à fome. A figura central do filme é Carlitos, o personagem clássico de Chaplin, que ao conseguir emprego numa grande indústria, transforma-se em líder grevista conhecendo uma jovem, por quem se apaixona. O filme focaliza a vida do na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à "modernidade" e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido por suas idéias "subversivas".
A exibição desse filme será guiada por uma reflexão entre cinema, capitalismo e indústria, bem como pelos impactos da introdução do som no cinema.
Cidadão Kane (1941)
Direção: Orson Welles
Cidadão Kane marcou sua época devido às inovações, sobretudo nas técnicas narrativas e nos enquadramentos cinematográficos. O filme começa com o protagonista já morto, mudando-se a cronologia dos fatos; e a cenografia mostra pela primeira vez o teto dos ambientes. O filme tem sido considerado por grande parte da crítica especializada como o maior filme da história até o momento, figurando em primeiro lugar na lista do American Film Institute (AFI).
Roma, cidade aberta (1945)
Direção: Roberto Rossellini
Entre 1943 e 44, Roma, sob ocupação nazista, é declarada "cidade aberta", para evitar bombardeios aéreos. Nas ruas, comunistas e católicos deixam suas diferenças de lado para combater os alemães e as tropas fascistas. Filmado logo após a libertação da itália, em locações reais e com atores amadores, Roma, Cidade Aberta tornou-se o marco inicial do neo-realismo italiano, que mostrou ao mundo que era possível se fazer cinema mesmo sob as condições mais precárias. O filme é considerado um dos maiores da história do cinema pela crítica mundial. Buscaremos com a exibição de trechos discutir as formas de filmar que emergiram depois da Segunda Guerra Mundial, destacando também as relações entre cinema e realidade.
Rio 40 Graus (1955)
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Considerada a obra inspiradora do cinema novo, o filme acompanha um dia na vida de cinco garotos de uma favela que, num domingo tipicamente carioca e de sol escaldante, vendem amendoim em Copacabana, no Pão de Açúcar e no Maracanã. Pretende-se relacioná-lo ao filme anterior, Roma, cidade aberta, ampliando e contextualizando a discussão sobre as relações entre cinema e realidade para o contexto brasileiro.
Os mestres loucos (1955)
Direção: Jean Rouch
Filmado em apenas um dia, o filme revela as práticas rituais de uma seita religiosa. Os praticantes do culto Hauka, trabalhadores nigerienses reunidos em Accra, se reúnem à ocasião de sua grande cerimônia anual. Na concessão do grande padre Mountbyéba, após uma confissão pública, começa o rito da possessão. Saliva, tremedeiras, respiração ofegante…são os signos da chegada dos ‘espíritos da força’, personificações emblemáticas da dominação colonial : o cabo da polícia, o governador, o doutor, a mulher do capitão, o general, o condutor da locomotiva, etc… A cerimônia atinge seu ápice com o sacrifício de um cão, o qual será devorado pelos possuídos. No dia seguinte, os iniciados retornam às suas atividades cotidianas.
Rouch é um dos realizadores mais importantes do cinema, autor que influenciou gerações. Ao apresentar trecho desse filme, queremos refletir sobre a noção de cinema-verdade, dando continuidade à discussão cinema x realidade.
5 vezes favela (1962)
Direção coletiva - serão exibidos dois dos cinco episódios: o de Joaquim Pedro de Andrade (Couro de Gato) e o de Leon Hirsznman (Pedreira de São Diogo)
"Couro de gato": Moradores caçam gatos a fim de usar seu couro para fabricar tamborins; "Pedreira de São Diogo": sobre uma pedreira há uma favela. Ao perceberem o risco de desabamento dos barracos, os operários incitam os moradores a iniciar movimento de resistência para impedir um acidente fatal.
Hirszman e Joaquim Pedro são dois dos grandes nomes do cinema nacional. Buscaremos apresentar esses filmes para dar início à discussão sobre cinema novo e suas propostas formais e estéticas.
Terra em Transe (1967)
Direção: Glauber Rocha
"Convulsão, choque de partidos, de tendências políticas, de interesses econômicos, violentas disputas pelo poder é o que ocorre em Eldorado, país ou ilha tropical. Situei o filme aí porque me interessava o problema geral do transe latino-americano e não somente do brasileiro. Queria abrir o tema "transe", ou seja a instabilidade das consciências. É um momento de crise, é a consciência do barravento." (Glauber Rocha). O filme, um dos mais importantes do cinema nacional, irá ser exibido na íntegra. Considerado por muitos como um filme de difícil compreensão, o filme se vale de uma liberdade formal rigorosamente trabalhada por Glauber. A partir dele, iremos aprofundar a discussão acerca dos modos de relação que o cinema pode estabelecer com o mundo, bem como da relação entre estética e política. O contexto histórico do filme - os anos da ditadura militar no Brasil também será abordado para continuar a reflexão sobre cinema e política, com foco na produção nacional.
Iracema (1974)
Direção: Orlando Senna e Jorge Bodanzky
Em 1974, Jorge Bodansky, Orlando Senna e Wolf Gauer realizaram um filme que se tornaria uma pequena obra-prima do cinema brasileiro: Iracema, uma Transa Amazônica. Em contraste com a propaganda oficial da ditadura, que alardeava um país em expansão com a construção da Transamazônica, uma câmera sensível revelava os problemas que essa estrada traria para a região: desmatamento, queimadas, trabalho escravo, prostituição infantil. Misturando documentário e ficção, o filme narra a historia da jovem Iracema na festa do Círio de Nazaré em Belém do Pará, onde conhece o caminhoneiro Tião Brasil Grande, que a leva para uma viagem pela Amazônia, e encontra prostituição e miséria. Iracema permaneceu proibido pela censura durante seis anos. Nesse período, ganhou prêmios em festivais internacionais e, em 1980, quando liberado, foi o grande vencedor do Festival de Brasília.
Serras da Desordem (2006)
direção: Andrea Tonacci
Carapirú é um índio nômade, que após ter seu grupo familiar massacrado num ataque surpresa de fazendeiros, consegue escapar, e durante 10 anos perambula sozinho pelas serras do Brasil central, até ser capturado em Novembro de 1988 a 2000 quilômetros de distância do seu ponto de fuga/partida. Trata-se da uma investigação sobre nós mesmos, diante da necessidade de adaptação imediata às radicais mudanças impostas pelo forçado encontro de humanidades diferentes em suas diferentes percepções de tempo, espaço, responsabilidade e valores.
Duas aldeias, uma caminhada (2008)
Direção: Ariel Ortega, Germano Beñites, Jorge Morinico
Sem matas para caçar e sem terras para plantar, os Mbya-Guarani dependem da venda do seu artesanato para sobreviver. Três jovens realizadores Guarani acompanham o dia-a-dia de duas comunidades unidas pela mesma história, do primeiro contato com os europeus até o intenso convívio com os brancos de hoje.
Corumbiara (2009)
Direção: Vincent Carelli
Leiloada durante o governo militar, a gleba Corumbiara, no sul de Rondônia, é o cenário, em 1985, de um massacre de índios isolados. Apesar dos visíveis sinais da tentativa de apagar as evidências de sua existência, filmadas pelo documentarista Vincent Carelli, e das denúncias do indigenista da FUNAI Marcelo Santos, o caso é esquecido. Dez anos depois, o encontro de dois índios desconhecidos numa fazenda oferece a primeira oportunidade a Santos e Carelli de retomar o fio desta história, que registra muitas lacunas, mas revela aos poucos os inequívocos sinais da continuidade dos crimes contra os povos indígenas, num processo de selvagem apropriação da terra na Amazônia. Neste filme, realizado ao longo de mais de 20 anos, abre-se espaço também a uma autocrítica das próprias estratégias indigenistas, além de se dar voz aos próprios índios.
Contato:Ananda Guimarães
35. 9842-1886 / 11. 9608-4026
MOSTRA AUDIOVISUAL DE CAMBUQUIRA
www.mostramosca.com.br
ESPAÇO CULTURAL SINHÁ PRADO
Cambuquira-MG - 35.3251-3534
Américo Brasiliense-SP - 16.3392-1599
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