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terça-feira, 19 de maio de 2009

Capitulo 2 Vida no sítio Marimbeiro

Cap.2 - Vida no Sítio Marimbeiro.


Os meus primeiros 8 anos da infância em Cambuquira/Marimbeiro na casa dos meus pais: brincar e sonhar entre as galinhas d'angolas, tarântulas e Serpentes...

Penso que a casa dos meus pais foi construída mais ou menos em 1945 no Marimbeiro em Cambuquira. Exatamente abaixo Hotel Fonte Marimbeiro. Entre Hotel e nosso sítio passava uma estrada em direção à Cambuquira.
Meus pais escolheram construir em um estilo bem simples e claro. Tudo em branco com janelas verdes. As janelas tinham um enfeite com orifício em forma de um coração. Penso que talvez ele tenha querido imitar um pouco o estilo da Bavária. Pelo menos para mim tinha um aspecto divertido e alegre. Lá dentro,continuava o mesmo estilo, acomodável, muito "gemütlich” (agradável, aconchegante), com jardim de inverno, copa, sala, entrada, os quartos, banheiro e cozinha... Nós gostávamos e penso que os pais também ficavam muito satisfeitos com a aura desta casa. Lembro-me ter sentido isso deles.
Na entrada do terreno abria-se por um portão enfeitado com uma "bougainvillea", planta trepadeira linda com inflorescência cor rosa/violeta. Ao redor da casa tínhamos grama, cercadas de hortênsias de cabeças grandes, rosas, hibiscus, que era o amor dos beija flores. Junto ao jardim, seguindo ao redor, o quintal e a horta com diversas plantações como tomates, legumes, milho, abacaxi e ....Um cercado com galinhas pretas, brilhantes, com ovos grandes, marrom claro e pontinhos marrom escuro.Tão gostosos no café de manha.
Livres e felizes, porque não ficavam presas, as galinhas d' angolas, com vestidos decorativos, andando para cá e para lá. Procurando..... minhocas?
Perto do alpendre que dava para a cocheira, diversos utensílios de jardineiro. Ah! não esquecer a moradia das tarântulas, não muito minhas amigas. Gostavam de me assustar quando ia por lá.
Meu pai criava carpas, lá mais no fundo do terreno. Com os viveiros de carpas, naturalmente viveiros também para os sapos e bichos menos queridos - pois eram perigosos - como cobras.
Mas com certeza, mesmo assim, sobreviveram bastante carpas para nos deixar festejar com esta delícia o Natal ou Ano Novo. Este era um “ambiente” enfeitado pelas libélulas, as sílfides dos lagos, encantando e sempre em movimento.
Perto também havia uma plantação de eucaliptos, mergulhando os passantes no cheiro gostoso das flores, já prometendo o mel, que meu pai colheria com ajuda das abelhas. Seria de novo uma delícia!
Ao redor disso tudo, a linda paisagem da região, com os montes como que pintados pelos pinceis cheios de cores em diversos verdes, os capins florescendo em vermelho escuro até rosa e sempre em movimento pelo ventinho suave, essa terra dos caminhos pelos campos em "orange" até vermelho.De um lado, lá em cima, ficava o Hotel Fonte Marimbeiro, ponto não só visual mas também de vários passeios, que fizemos.A diversidade dessa paisagem frequentada também pelas térmitas (cupins) com os seus grandes cupins, os urubus como majestades sentadas nas árvores ou na beira do regato, e o contraste : os colibris, esses pássaros lindos, o João de Barro construindo a casinha dele e chamando a fêmea.Também existia as pombinhas orgulhosas com suas plumagens interessantes, cada uma diferente.
Os carros de bois, transportando coisas pesadas, cana de açúcar, ou sacos de feijão, café ou ..... Pessoas passeando, camponeses à caminho das hortas, de vez em quando uma charrete de cavalos transportando turistas, até carros passando na estrada lá em cima. Não estávamos sozinhos, vivíamos em paz em uma comunidade colorida, sempre em movimento.
Não sei o que inspirou meus pais a se domiciliarem ali neste lugarzinho feito como para sonhar e viver tranquilo, mas foi uma ideia muito boa e pois ficou para sempre no meu coração, me fazendo imensamente feliz quando penso nisso.
Com este lugar cheio de boas impressões que no nosso dia-a-dia vivíamos o dia inteiro, embora praticamente ficávamos fora da casa, cada um ocupado com suas coisas. Minha mãe na maioria das vezes, estava ocupada em casa, meu irmão ainda pequeno, 2 ½ anos mais jovem do que eu em casa com mãe.
Meu pai, principalmente, ficava ocupado com trabalhos doe sítio e com os camponeses que o ajudavam. Eu brincava em qualquer canto, descobrindo cada dia coisas novas. Adorei esta vida livre, que acordaram em mim atividades criativas. Isto foi bom e importante, pois não tinha amigas na vizinhança para brincar.
Nossa mãe era uma pessoa quieta, muito fina, criativa nos domínios de literatura e pintura. Eu a encontrei muitas vezes, se descansando na sala, sentada na poltrona com um livro nas mãos, ou sentada na copa desenhando. Ela ensinava os primeiros caminhos para gostar de desenhar. Em alguns momentos juntas, duas em concórdia, minha mãe mostrava por exemplo como se desenha os legumes da nossa horta...
__“Quer que lhe mostre como desenhar uma cebola, ou uma beterraba?”......E, .eu admirando e seguindo à linhas.

__“Renate, vem! Vou dar-lhe minhas bonecas e louça de porcelana de brincar. Segurei até hoje e finalmente você já tem a idade de receber de mim. Mas toma bem conta, querida.”

Isto foi muito bom para mim. Um dia de festa! As bonecas e a louça ainda tenho até hoje. A lembrança de nossos momentos juntas é uma joia preciosa, que seguro no meu coração, como também o amor à literatura e à arte. Tudo isto recebi de minha mãe. Eu amava minha mãe de todo o meu coração. Graças à minha mãe vivo hoje junto com muitos livros e me preocupo com arte.
Meu pai também acordou em mim a vontade de ler tudo que cabia na minha idade. Juntos, pai e mãe leram muito com a gente. De vez em quando, às tardes, antes de ficar escuro, depois do jantar, mas já prontos para cama, tínhamos horas de brincar ou ler na varanda, também nosso lugar de festejar o Natal. Da árvore artificial junto com presentes, tenho na lembrança.
Minha mãe já sentada para ler ou contar histórias me chamava. Adoramos isso, era tão calmo, mas também divertido. E aconchegados à mãe, tudo tão confortável, com o sol ainda esquentando pela janela, a voz agradável dela lendo, lendo, lendo..... e o primeiro que cochilava era meu irmãozinho, eu o seguia e o pai tinha de nos carregar para cama.
O pai estava muito apaixonado, sempre elogiando:
_ “Como se fez nossa mãe hoje de novo tão bonita?"
Quando ela usava batom, e nem precisava! E ela ria feliz. Ele a abraçava e eles se viravam e dançavam. Nós crianças ficávamos observando este carinho, rindo com eles pulando ao redor deles.
Nosso pai sempre estava em casa e perto de nós. Assim tínhamos a oportunidade de estar junto com ele, quando queríamos. Nosso pai tinha um humor amável, era sempre divertido e alegre. Eu gostava muito de acompanha-lo, seja na horta plantando milho, fazendo passeios nos campos ou visitando os viveiros dos peixes. Dele aprendi as regras sobre vida diária, resolver quando tem de resolver, amar e respeitar a natureza, e muito mais.
Nós estávamos sempre em conversa.- De vez em quando à tarde, depois de um dia cheio de boas impressões, brincadeiras, trabalhos e acontecimentos, vinham as voltas lindas em redor da casa. Eu já em vestido de noite, na mão de papai, o concerto dos grilos e sapos nos acompanhando, o caminho iluminado pelos vagalumes, de vez em quando a Dona Lua, mágica e interessante aparecia.
Mas, a coroação era olhar para cima descobrir a Via Láctea com o Cruzeiro do Sul. E enfim o perfume intensivo da terra orvalhada em concorrência com o perfume sedutor das diversas flores da noite arrendondando todo este espetáculo brilhante. Não é assim que temos de nos sentir maravilhosamente e cair lentamente feliz nos sonhos?
Carregada pelo pai para casa, talvez eu já quase dormindo, enrolada neste momento mágico, antes de cair finalmente nos sonhos doces de crianças. Onde existe semelhantes? Somente no paraíso! Para Levantar no próximo dia ansiosa e curiosa: O que traz o novo dia?

Casa da família dos gansos e tatú assado......

Depois do café de manha, primeiro dar aos canarinhos em frente da entrada da cozinha os restos dos pãezinhos, ou a delícia de milho pouco moído. Eram criaturinhas delicadas em branco, amarelo, verde claro... uma turma colorida pastel já procurando, picando e esperando o que ia ser espalhado. Pronto! Agora vamos visitar os gansos e os patos.
Meu pai construiu uma casa de madeira para eles, semelhante à nossa casa. Eu não só ia lá para alimentar aqueles meus amigos, sempre levando um papo, mas gostava também de brincar na casa deles.
Até ali eu tinha um pouco de inveja, pois queria demais de ter também a minha própria casinha para mim e minhas bonecas.
Entretanto, lá dentro no escuro aquele cheirinho de gansos, um pouco "mofoso", um pouco úmido quente.(Este cheirinho eu não esqueço) .
__Não, agora vou, Dona Ganso, bom dia, até amanha!...
Maria, nossa ajudante, me chamava para fazer um passeio com ela na aldeia dos seus parentes. Várias vezes já estive lá na aldeia dos pretos. Com certeza não era muito longe. Ficava numa uma baixada. De lá de cima no caminho já podíamos olhar para baixo e ver as cabanas simples de barro. No quintal todos juntos: as crianças com as barrigas grandes, cachorros, galinhas, porcos, os velhos, os doentes. Era uma comunidade bem colorida. Eram muito pobres, alguns doente, epilépticos(Eu me lembro de ataques da doença. Coitados!) Mas que gente boazinha e hospitaleira!... Nunca sai de lá sem que me ofereceram alguma coisa simples para comer, e como era gostoso o almoço deles!... Inesquecível e impressionante para mim foi uma vez o feijão preto com arroz apresentado com tatú assado. Já provaram alguma vez? Vale a pena. Coitado do tatú, ele vai ter de de correr agora, porque é tão gostoso. Mas, quando me ofereceram “bundinhas”de formigas grandes e fritas, recusei agradecendo.

Hotel Fonte Marimbeiro.


Fiz também outros passeios com Maria. Nós gostávamos demais de ir lá em cima ao Hotel Fonte Marimbeiro. Meus pais também gostavam muito de passear lá em cima. O jardim com os terraço tinha algo mágico e convidativo.
Este Hotel, no passado deve ter sido muito rico e bem visitado, já naquela época já estava abandonado.
Os passeios com Maria tinham um pouco de aventura. Talvez fosse ela muito curiosa, com pouco mais coragem e sem a vergonha de fazer aquilo.
Não sei como entramos lá. Ela me levava pelos corredores, olhando os quartos vazios me contando histórias curiosas dos hóspedes passados. Eu ficava corajosa somente porque estava atrás dela. Eu tinha respeito por aquele silêncio que servia como uma gaveta secreta para os acontecimentos antigos, pelo menos na nossa fantasia, onde as paredes, as varandas sempre suspiravam algo.
Desta vez este passeio valeu a pena! Que surpresa, que coisa interessante! Lá em baixo, atrás do murrozinho cercando o terreno, atrás das canas da índia, ficavam os gerânios vermelhos, os capitães imponentes e maravilhosos, um mar de cores.
Lá achamos uma porção de vestidos lindos, de veludo e seda, coloridos como as canas, e sapatos de couro veludo, azul como o céu e vermelhos, de saltos bem altos.
Maria pulou de alegria e, com certeza, também as amigas e irmãs da aldeia dela pela surpresa dos presentes tão preciosos. E eu nunca esqueci esse acontecimento.
– Que hóspedes ou do pessoal que arrumavam os quartos devem ter jogado tanta roupa de gala fora?...
Outras visitas e encontros lá em cima no Hotel Marimbeiro, que talvez hospedava somente algumas partes do hotel de vez em quando? Pois geralmente estava lá tudo abandonado.
De vez em quando, encontros nos domingos, com pessoas muito chique de Cambuquira, com turistas de Rio ou outros lugares, uma sociedade muito alegre e cheia de ideias divertidas.
Certa vez, a piscina cheia de água,naquela tarde sem sol com nuvens cinzas, todos estavam ao redor. Eu me lembro que também o Dr. Vincente Urti estava lá nessa época.
Um casal jovem, muito orgulhosos e felizes com o bebê deles queriam mostrar que ele podia nadar.( Hoje sei que é possível mesmo). Eu me assustei quando (coitado do bebe!) jogaram mesmo a criancinha na água.E, e imaginem! ....Ele nadava. Que Sensação! Todos aplaudiram e a festa pode continuar.
No próximo dia choveu muito com granizo, bastante mesmo! Elas tinham o tamanho quase de limões. O prejuízo:coitados dos tomates e outros legumes por causa desse granizo. Com certeza, não foi divertido, mas nós crianças achávamos essas bolinhas de gelo uma maravilha. Principalmente Maria gostou muito. Juntou latas grandes e encheu com este gelo. O pessoal da aldeia veio para buscar. Aquilo era uma oportunidade de encher a “geladeira” deles.
Maria era uma preta gorda e muito alegre e se apaixonou em um rapaz. Ela se tornou muito vaidosa e começou beber vinagre para ficar mais magrinha e bonita. Como dizia e desejava. Mas, coitada!. Isso não foi bom para a sua saúde. O casamento não aconteceu, antes Maria morreu . Ficamos tristes juntos com a família dela.
Nossa nova ajudante de casa era Teresa, uma morena bonita com cabelos ondulados, muito amável. Ela nos ajudou muito em casa e eu ganhei uma nova amiga. Teresa, também era muito criativa, construiu para mim móveis de caixinhas de fósforos, com gavetas, espelhos. Era uma designer de brinquedos. E, eu pulava de alegria.
Meu amigo Chico não quero esquecer nos meus contos. Um camponês mais velho, de uma aldeia direção à Cambuquira. Já era um amigo de casa, sempre ajudando meu pai. E os dois sempre se divertiam. Nós todos gostávamos muito dele.
Os amigos animais de pai. Meu pai e seu trabalho no sítio.
Penso que ele adorava isso tudo, que ele vivia a vida como um hobby, com amor à tudo que a natureza oferece. Seu orgulho e amor especial (depois de mãe e nós, naturalmente) pertencia ao seu cavalo. Talvez seu primeiro em Cambuquira. Não sei. Este cavalo morreu tragicamente num acidente, graças sem levar consigo nosso pai.
Tinha chovido muito naqueles dias, essas chuvas fortes levando com muita água toda terra leve para abaixo dos montes, enchendo rios e regatos. Meu pai andou com seu cavalo para inspecionar o terreno do sítio, passando numa ponte já não muito segura. Aí aconteceu: a ponte, cavalo e homem de repente se acharam na água. O cavalo estava em cima de papai. Mas, por sorte no desastre, nada aconteceu com pai, ele voltou à pé com o susto ainda nos ossos, molhado,triste, só e sem o cavalo, seu amigo.

O próximo companheiro dos campos recebeu o nome Nhangá.,nome dado por meu irmão, que ainda não podia pronunciar direito. Nhangá era uma jóia especial, muito bonito, muito orgulhoso e muito, muito sensível. Principalmente na parte posterior. Somente meu pai devia tratar dele, escovar-lhe andar nele. A ninguém mais era permitido de chegar perto de Nhangá.Seria perigoso!
Acho que também ninguém tinha vontade, tinham “respeito” demais para Nhangá. Mas, uma criança inocente consegui uma sensação. Meu irmão, ainda pequenino, não podendo andar sozinho mas com grande vontade de estar também lá fora com todos os outros, escapou da proteção em casa, e de qualquer maneira como um cachorrinho depressa no quintal, foi parar enfim entre os pés de Nhangá, brincando lá tranquilo com qualquer coisa que achou interessante. Meu pai o achou assim. Que susto para todos. Tudo se resolveu por bem. Com palavras tranquilas meu pai conseguiu tirar o filho daquela situação assustadora.E, fez muitas elogios a Nhangá.
Mais uma experiênca tínhamos com Nhangá. Desta vez fui eu a vítima. Já visitava a escola em Cambuquira. Todos o dias meu pai me levava à escola, seja com Nhangá – eu sentada em frente do pai – ou na charrete. De cavalo era mais divertido.Em um determinado dia quente mesmo, o sol muito animado para queimar, uma cintilação forte no ar, abelhas ou outro inseto com ferrão picou a parte de trás mais delicada de Nhangá. Só poderia ter sido isto. Ele se assustou tanto, pulou como um foguete pelo terreno A cilha arrebentou. E, eu fui a primeira a ser jogada ao chão duro, e finalmente a sela em cima de mim. Pronto! Eu não conseguia respirar. Meu pai muito assustado e preocupado e, eu já pensando no fim. Mas, com calma fui me estabilizando de novo. Meu pai pegou Nhangá que, entretanto, estava parado como se nada tivesse acontecido. Colamos de novo a sela e continuamos o nosso caminho ainda com susto, mas tranquilos para Cambuquira. Meu pai muito mais feliz que eu ainda estava entre dos vivos.Mas eu tive de prometer não contar nada p'rá mãe. E eu pensei, se ela não notou, pois aconteceu em frente da janela da copa, lá em cima no campo antes de chegar à estrada para Cambuquira. E ainda de vez em quando nossa mãe estava na janela para acenar mais uma vez à despedida. Mas desta vez ela não estava e nunca mais falamos sobre esta aventura.
Mais tarde, quando o sítio foi vendido, tinha também Nhangá de trocar seu dono.Tive muita pena com ele.Vi como Nhangá foi puxado e empurrado com muitas batidas por um homem nas ruas de Cambuquira. E mais que Nhangá resistia, com orelhas para trás , olhos grandes, cheios de medo, mais pancadas ele recebia. Esse homem não tinha jeito de tratar esta criatura tão sensível. Que dor, se meu pai tivesse visto. Nunca contei para ele..
Nhangá era especial e tinha um tratamento exclusivo.
Nós tínhamos também outros bichinhos queridos nossos amigos de casa. Cada um tinha para nós um lugar.Aí por exemplo, minha mulinha que eu chamava de Burrinha Rosalinda. E os cachorros: Mimosa, um dackel, Tupí, um deutscher Schäferhund e, com um maior temperamento, o viralata Waldemar.
Waldemar entrou na nossa família como um turbilhão, por Tupi, fazendo amizade com ele. Tupi trouxe a papai essa criatura digna de compaixão,magríssimo, só pele e ossos, cheio de feridas e o pior:cheio de parasitas, pulgas e sarnas.
Meu pai com todo carinho e cautela cuidou cuidou dele. Com "cerosol" limpou as feridas, tirou as parasitas. Dentro de alguns dias, tínhamos um cachorro novo, lindo, loiro. E, o chamamos de Waldemar. E Tupi feliz com o novo amigo, descobrindo novas aventuras ao redor. Só que Waldemar tinha um hobby bem perigoso. Gostava demais de correr ladrando ao lado dos carros, que passavam na estrada.Isso foi num dia sua fatalidade. Coitado!

Serpente não é bom p´ra gente.

E com cores preto, vermelho e branco, bonito mas muito perigoso também.
Os viveiros de carpas com minha mãe, meu pai e Tupi.

Eu estava brincando lá fora, como na maioria das vezes sem sapatos e livre no terreno ao redor da casa, sozinha. Pois, amigas (Eunice, Ieda Wald) estavam bem longe em Cambuquira e meu irmão muito muito pequeno. Mas como já disse, minha fantasia não permitia que eu, por causa disso, ficasse parada. E construía no chão casas com uma porção de quartos, tijolos eram paredes baixas, minhas bonecas as moradoras e a louca de porcelana, com qual já minha mãe tinha brincado, meus utensilhos.
A alimentação para os habitantes deste ambiente só o melhor: folhas das flores, delicias de rosas. Num dia assim brincando,quentinho e gostoso, minha mãe me olhando casualmente pela janela:
"__ o que faz Renate?"
Com horror, ela descobre pertinho de mim uma serpente. Com muito susto chamou meu pai. Naturalmente ele me salvou. Em situações assim ele estava sempre ali, de primeira, cauteloso. E, pronto. O problema estava resolvido. As serpentes descobertas no terreno não tinham chances de viver até à tarde. Uma vez apareceu uma grande e gorda na canalização. Com ajuda dos camponeses meu pai conseguiu tirá-la. Foi uma grande ação, ela não sobreviveu. Á tarde, cerca de 17 horas, ela ainda estava pulando no chão.Mas, escapar de uma serpente, de vez em quando não funciona. Nossa Mimosa, a cachorrinha, teve um encontro assim com resultado cheio de dor. Engordou três vezes mais do que era, cheia de veneno. Não podíamos tocar nela. Meu pai salvador de pé: com uma grande injeção, um soro amarelo. No próximo dia, tínhamos nossa “nova”a “velha” Mimosa.

Esquisito o meu irmão com a linguagem dele chamava Mimosa de "Buie" e ela até aceitava este segundo nome.

Mas uma serpente pegou um dia minha querida "burrinha" Rosalinda. Que pena! Rosalinda não conseguimos se salvar. Deve ter acontecido à noite. Quando meu pai descobriu, já era tarde demais.

O milagre – o nascimento de um bezerro.

Dia quente, o sol deslumbrante. Naquele dia, depois do almoço, não tinha vontade de ir para fora. Preferi ficar na copa,lá era bem fresco, e olhar pela janela para observar se lá fora acontecia qualquer coisa interessante e sonhar um pouco.Então, lá em cima na direção da estrada, o capim parado, nem um ventinho. Descubro uma vaca em posição esquisita. Sem que alguém tivesse me explicado, reconheci que assistia a um acontecimento não diário para mim, "um parir". Foi lindo e para mim aquilo que combinei evidentemente com a natureza. Foi assim sem me assustar, pois o resultado, o bezerro, era uma joia.

O dia dos padeiros

Meu pai era para mim um gênio universal.O que é ele não conseguia? Não só era um guloso que gostava muito de comer, mas adorava também mexer na cozinha e cozinhar as especialidades dele. Uma das especialidades era o dia de produzir pão. E quem estava de pé ali, querendo mexer também? Naturalmente eu. Já disse, que meu pai era muito bonzinho e cheio de paciência com nós as crianças? Pois é, eu já no meio da massa de trigo, fazendo também meus pãezinhos com tanta importância.-Adorava isto como todas crianças naquela idade – . Mas, então lá estava eu exigindo mais massa de pão.Ele já tinha respondido várias vezes que era suficiente o que tinha recebido e basta. Mas, eu bobinha não notei que chegava ao limite exigindo mais e mais. De qualquer maneira o fio de paciência do paizinho querido, o padeiro, acabou e "platsch" eu tinha recebido uma mão grande cheia de massa de trigo na minha face. Que susto!... E, pior, entre todo aquele trigo branco na mesa " plup, plub,plub e vermelho".

__Que é isso? Sangue ????? UUUAAAHHHHH."

Corri para o quarto dos pais, para a penteadeira da mãe e com horror descobri no espelho que tinha perdido um dente. Que desastre! Como chorei. Meu pai também assustado com tanto drama atrás de mim começou a rir muito, muito. Deu-me um abraço e explicou que era normal, não a mão de trigo na face, mas que assim casualmente perdi o meu primeiro dente de leite. Entretanto, eu mais calma, “deixei” que ele contornasse a situação. Ri com ele e o mundo, depois de limpar o rosto e contemplar a minha falha de dente. E, estava de novo tudo ordem. Nunca mais o meu querido pai perdeu o fio de paciência comigo...

E eu estava também já me encaminhando à idade adulta, pois já com esperança nos novos dentes, já me preparando para o início do primeiro ano de escola em Cambuquira. Eu estava bastante ansiosa. Esperava este dia com grande alegria e não fui enganada.

Sobrevivi de novo. Ou, que cão furioso.

Meu pai disse:

"__ Sabes, Renatinha, você já conhece o caminho, não tem vontade de ir hoje buscar o leite sozinha?
Claro que tinha, estava até orgulhosa com tanta honra em caminhar só para buscar com a caneca o leite para nós. Tive várias vezes lá na fazendinha do vizinho, com Maria ou pai buscar leite ou qualquer outra coisa que o fazendeiro vendia. Eu achava muito interessante, a mulher do fazendeiro sempre trabalhadora com a produção de licor de frutas, enchia as garrafas coloridas em verde, amarelo, azul. O licor muito doce, muito "grudento", com cheiro intensamente exótico. O sabão de cinza que os pretos usavam para lavar roupas era também uma especialidade dela. Fora no quintal ela mexia uma mistura de cinza, gordura de animal, com uma colher grande em tachos grandes sobre o fogo, tal qual uma bruxa misturando as tinturas dela.
Pois é, então "catapa, catapa"lá ia eu me encaminhando para a fazendinha. Em frente da casa da fazenda, amarrado num tronco de pau enterrado, um cachorro enorme, bravo, sempre ladrando com raiva, quando gente se aproximava. Não me preocupava. Já conhecia, pois ladrando e amarrado, que poderia aí acontecer? Porém eu tinha respeito, fazendo uma grande volta, para não passar perto dele. Mas, qualquer coisa queria fazer uma prova comigo. O cachorro tão furioso, puxou tanto o tronco que arrebentou o cipó com qual ficava amarrado. Ah meu pai!... Nunca corri e pulei tão depressa como um foguete de lá em direção ao estábulo, que já há muito tempo os porcos haviam abandonado. E pulei de um quartinho para o outro, os murros com certeza não foram muito altos, mas para mim naquela época tinha bastante altura. E, o cão atrás de mim fazendo muito barulho.
E eu para frente, graças que não fiquei dependurada nas plantas de "Kalabasse", abóboras e outras plantas, que existiam por lá,neste ambiente salvador. O fazendeiro, graças, chegou ainda no momento certo me salvando. Coitado do cachorro, esta agressão não lhe deu sorte. O fazendeiro não deixou que ele sobrevivesse à tarde. Eu tinha também um pouco pena do cachorro, que sempre vivia maltratado e magro, e por causa disso agressivo. Pelo menos não prestava para sabão de cinza, pois não tinha gordura nenhuma embaixo da pele.

O Bicho de Pé ou o Saci Pererê.

"__Tem ainda em Cambuquira o bicho do pé?"

Pois eu o conheci ainda muito bem, porque o encontrei várias vezes na minha infância - esse bichinho danado, sem vergonha!.. Entrando nos pézinhos das crianças que gostam de andar sem sapato na grama molhada pelo orvalho, ainda na manhã fresca, depois no terreno empoeirado, sem pensar um minutinho neste bichinho. E aí ele veem sua oportunidade. Resultado controle dos pais na tarde depois da ducha antes de ir dormir – já um ritual, que nós crianças detestávamos. Pois acontecia que pai ou mãe achando o objeto já se prepararam com agulha desinfectada para “operar” a gente pequena. Um horror completo!... Melhor encontrar o Saci Pererê no mato, do que sofrer operação por causa do "B.d.P".

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