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terça-feira, 19 de maio de 2009

Capitulo 3 Anão Nariz (Zwerg Nase) e os amigos dos pais.

cap.3 - De quais amigos me lembro:

A amizade de Joana e Gaspar Möller,um casal com muita solidariedade.

Minha mãe adoeceu pela primeira vez e tinha de sair de Cambuquira por pouco tempo. Meu pai a acompanhava. Meu irmão, ainda muito pequeno, com 9 meses, recebeu alojamento na casa de amigos de meus pais. Foi Dona Joana que cuidou dele como uma mãe, com muito carinho.Foi ela que deu o que comer bebê, que trocava fraldas, carregou e cantou para que ele dormisse. Dona Joana, que era anos mais velha do que minha mãe, tinha mesmo uma grande família! Por causa disso, penso que foi muito social e amável em nos ajudar.

Obrigada Dona Joana e Senhor Gaspar!...
Lembro-me deles com respeito.

Mais tarde, depois de ter partido de Cambuquira, meu pai falou muito do casal Möller, sempre com muito agradecimento e carinho. “Tante Johanna”(tia Joana) foi para mim também um oásis de segurança(Geborgenheit).Eu, que não ficava tão de perto dela, sentia tão bem quando ela abraçava e falava comigo. Ela foi uma senhora cheia de bondade.
Conforme informou sua neta Nádia, D. Joana faleceu com 92 anos. Isso me comoveu muito, pois tinha visto as fotos dela no “blog” com a sua querida família. Se viva, ela hoje teria 106 anos.
Como me lembro ( tinha aí mais ou menos um ano e meio de idade) fiquei naquela época em casa com Teresa.Mais tarde, em Cambuquira tive diversos encontros com Dona Joana e esposo, quando fui à padaria para comprar pão ou bolinhos. Nunca esqueço quando entrei na padaria com aquele cheiro especial muito gostoso de pasteis frescos. Num canto da padaria existia um mesa de bilhar, sempre bem frequentada; do outro lado, mesas e cadeiras convidando os fregueses a tomar o cafezinho acompanhado deo pastel delicioso e fresco. Atrás do balcão, ficavam os proprietários sempre gentis e amáveis, Dona Joana e Senhor Gaspar.
Wera Wald e Willi Wald.

Lembro-me dos encontros com meus pais também em Cambuquira numa casa muito bonita e “gemütlich” (agradável) de Dona Wera. Estivemos por lá várias vezes, e sempre fomos bem recebidos. Brinquei com Ieda, a filha deles mais ou menos da minha idade. Ela era sempre muito divertida sempre com novas ideias e brincadeiras. Havia dois cachorrinhos (dackel) do casal que nos acompanhavam.O Senhor Willi era um homem divertido. Dona Wera era um pouco mais quieta, muito trabalhadora, com muito engajamento na loja.
Aqui uma foto de uma festinha na casa de Dona Wera e Willi Wald. Primeiro à esquerda meu pai Frederico, seguinte Dona Wera. No lado direito(a segunda)minha mãe Susanna, o seguinte Senhor Willi. Os outros não conheço. Mas, talvez alguém em Cambuquira possa reconhecer.
Na loja de vestuário de Dona Wera estivemos várias vezes. Ieda e eu brincamos na frente da loja, no passeio, enquanto o casal Wera e Willi e meu pai conversavam lá dentro.Gostava desta loja, um ambiente espaçoso, cheio de coisas bonitas e um cheirinho gostoso de roupa nova. Antes de partir para sempre de Cambuquira meu pai ainda comprou diversas roupas na loja para mim que gostei tanto. Que pena, que estava crescendo bem depressa!....


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_Como vai Ieda? – Tudo bem? Lembra da visita com sua mãe à Alemanha?


Vocês estiveram também em Hamburgo. Aqui um encontro com vocês, minha avó e eu. Perto do porto de Hamburgo no fim dos anos 50.
Dona Ida Willig Guimarães e esposo Manoel José da Silva Guimarães, meus padrinhos.

Dona Ida foi a minha madrinha querida. Gostei muito dela. E, com respeito e admiração, olhei para o casal. Ela e o marido, Senhor Guimarães, moravam em um ambiente imponente. Tudo era lindo e bem trabalhado: Hotel Empresa, para mim como uma casa dos contos de fada. No jardim havia cadeiras grandes e vermelhas,montadas juntas, para se balançar. Adorava a atmosfera deste grande jardim, sombreado, enfeitado com orquídeas. Fui lá sempre bem hospedada. Na sala grande de jantar as com colunas eram em cores pasteis verde e um pouco prateadas. As mesas sempre bem cobertas com linho branco com, os guardanapos dobrados.
O melhor foi sempre aquele cheiro da deliciosa comida: gostava demais do puré de batatas desta cozinha, do café-com-leite tão gostoso!..Lembro-me de uma festa de Natal, uma festividade brilhante, a sala cheia de luz. Minha mãe muito linda, meus pais com alegria nos olhos, Dona Ida e esposo, os donos de casa, muito amáveis, se preocupando com os hóspedes. Entrando na sala grande da entrada via à esquerda a escada para outros andares.
Nunca me esqueço que num momento contemplando o ambiente eu vi com certeza lá subindo, de costas e vestido em vermelho, de botas pretas, o Papai Noel.Sim, vi mesmo!...
1965 ainda tive contato com Dona Ida. Para uns dos meus casamentos aqui na Alemanha necessitava a certidão de batismo. E, ela foi tão gentil e me mandou a certidão. Contou-me também que estava há 6 anos muito sozinha e que sentia muito a falta de seu marido. Esta carta ainda tenho junto com a certidão.
A residência redonda.



Um amigo, não sei mais o nome, morava em Cambuquira com sua esposa e filhos.Entre os filhos, Eunice que era minha amiga. Essa casa ficava na entrada de Cambuquira em direção ao Marimbeiro, à esquerda um pouco na subida. Era uma casa grande, estilo da época dos escravos, uma casa redonda e enorme. A varanda com colunas, como uma arcada. A sala de entrada, um ambiente lindo, antigo e redonda, ao redor na parede poltronas de couro preto. O chão com azulejos tão decorativos, sempre chamando a minha atenção. Era tudo muito imponente.... Saindo desta sala, chegávamos à um corredor ao redor de um pátio cercado com vidro com plantas exóticas lá dentro. (Ninguém entrava neste pátio, por respeito às cobras.) Ao redor desse corredor os quartos. A maioria dos quartos estavam já abandonados, fora das partes da casa ainda ocupadas pela família. As maçanetas das portas eram redondas, de porcelana, pintadas com motivo florais. Quando brincava nesta casa com Eunice, em alguns quartos não devíamos entrar, por causa das cobras, que talvez se escondiam lá. Imagino que esta casa foi uma vez residência de um fazendeiro muito rico com plantação de algodão. Ao redor da casa, no terreno brincamos nos restos de plantas de algodão. Essa residência me lembra um pouco quando li de Margaret Mitchell em " Gone with the Wind" ("E vento levou.")
- Ainda existe esta casa?
O pai dessa Eunice, muito simpático, eu me lembro bem,era funcionário do Estado em trabalhos de floresta ou semelhante. Sua esposa era muito, muito amável. Era uma casa muito vivida, uma vila divertida, com muitas crianças. Tive várias vezes com meu pai lá.
Alguns anos mais tarde, encontrei uma vez os pais de Eunice em Belo Horizonte. Conversamos um pouco com rapidez, e hoje ainda sinto muito, que não perguntei por Eunice.
__Onde estás Eunice? –Eu te perdi no caminho...

Os amigos sempre achavam motivos e ocasiões para se encontrarem. Para nós crianças o mais interessante era quando os adultos prepararam um encontro com pais e crianças, para ver um filme. Nós, sempre estávamos ansiosos.
A maior lembrança que tenho é do filme Anão Nariz( Zwerg Nase) divertido e palpitante para nós os mais pequenos.
O filme era em preto/branco, falado em alemão,e sobre um crime. Foi mostrado em um lugar em Cambuquira, numa sala grande. Mas finalmente, penso que não só as crianças se divertiam – os adultos também gostavam desses dias de filme.
Waldemar, um amigo não só dos pais,mas de todos!


Aqui, uma foto de nós crianças sentadas na grama em frente da nossa casa. Um jovem, que nos visitava de vez em quando, abraçando Waldemar.. Lembro-me, que os dois tinham uma grande amizade. Cada vez que o jovem chegava à nossa casa, era um espetáculo, festejando o novo encontro – Waldemar e o jovem. Quem é? .- Não sei mais. Talvez alguém em Cambuquira o reconhece?
Visita dos avós, pais de meu pai, da Alemanha.



Coitadinho do canarinho!...



1949/50 Aconteceu uma grande surpresa e alegria para meu pai! Ele orgulhoso de apresentar aos seus pais a sua família jovem e nosso sítio, pois os avós fizeram uma viajem longa de navio, do outro lado do oceano atlântico para nos visitar. Foi uma ocasião cheia de encontros, boas impressões e acontecimentos.



Todos amigos de nossos pais ao redor, passeios para aqui, para lá. Eu sempre junto dos adultos, eu tinha a felicidade de falar duas línguas e traduzir assim entre alemão e português para os Cambuquirenses e os avós. Isto me fazia bem orgulhosa . Eu gostava deste serviço.Meus avós gozaram muito este tempo por receber tanta gentileza dos cambuquirenses e de conhecer tantas coisas novas: a comida diferente, os legumes, as frutas exóticas, o clima ...Meu avo se sentia bem na nossa casa. Já mais velho, tinha o costume de vez em quando de se descansar na sala. Sentava-se na poltrona exclusiva dele para ler, e breve já fazendo uma soneca.

Assim ficou uma vez depois do almoço gostoso com feijão, arroz, legumes, bife...um pequeno vinho tinto, sobremesa, ele bem satisfeito em direção à poltrona, já com o livro na mão. E tão ocupado com si mesmo, sentou-se e aí aconteceu: coitado do nosso canarinho doméstico, que voava livre entre casa e o quintal e não tinha medo de nada e ninguém. Coitadinho, também não sobreviveu à tarde!... Meus avós, amigos, meus pais e nós crianças, eu já com a uniforme da escola Tiradentes de Dona Sebastiana.Mais tarde, na Alemanha, minha avó em conversa ainda entusiasmada deste tempo bonito em Cambuquira com as pessoas gentis da região.Mas já no horizonte o fim deste nosso idílio familiar. Depois da partida dos avós não passou muito tempo, e nossa família teve de enfrentar uma vida totalmente diferente. Tudo mudou, tudo se virou. Continue lendo.... (clique aqui!) ou vá para próxima página...

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